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Praias podem desaparecer devido às barragens, alerta hidrobiólogo Adriano Bordalo e Sá

praia cortegacaVárias praias de Portugal, sobretudo no norte e centro, podem desaparecer por falta de areia. Adriano Bordalo e Sá, hidrobiólogo da Universidade do Porto, explica que a culpa é das barragens, que impedem a deslocação de sedimentos, ao que se somam as falhas no ordenamento do território.

As praias de Portugal continental estão a perder areia e muitas podem mesmo vir a desaparecer com a erosão. A explicação é tão simples que Adriano Bordalo e Sá, hidrobiólogo e investigador do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, da Universidade do Porto, a resume numa linha: “falta-nos areia vinda de terra para o mar”.

A culpa, adianta este especialista à Lusa, é do ‘excesso’ de barragens, como a própria geografia o comprova: é nas zonas norte e centro, onde há maior concentração de barragens, que mais praias estão em risco de ir pelo mar dentro. Isto porque as infraestruturas “interrompem o caudal natural da água, mas também dos sedimentos”, salienta o hidrobiólogo.

“O rio Douro tem na sua bacia hidrográfica em Portugal e em Espanha mais de 50 barragens”,  descreve Bordalo e Sá: “há 60 anos estima-se que a quantidade de areia transportada era na ordem dos dois milhões de toneladas por ano e agora, 60 anos depois, o caudal sólido está reduzido a 250 mil toneladas”.

Com as barragens a reterem, só no Douro, mais de 1,5 milhões de toneladas de areia por ano à costa, “ao contrário do que tentam vender, a hidroelectricidade não é verde”, acusa o especialista.

A versão do técnico é negada pela Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território (MAMAOT). Quando falta cerca de um mês para a época balnear, a tutela não nega que as praias estejam em risco de desaparecer, mas recusa que as responsabilidades sejam endereçadas às barragens. Segundo a Lusa, o MAMAOT frisa que têm sido feitas recargas de areia nos pontos mais “críticos”, sobretudo antes das marés-vivas, para evitar “potenciais prejuízos”.

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