Só que esta atitude “menos proactiva e muito mais reactiva”, que tem sido seguida ao longo dos anos, “não colhe resultados e as consequências podem ser dramáticas”, como explica Bordalo e Sá: “é apenas uma solução transitória para manter durante essa época balnear a bandeira azul”.
O hidrobiólogo calcula que 60 por cento da linha de costa a norte está em risco de desaparecer, percentagem que desce para 52 da costa da zona centro. Nestas, como ocorreu em Maceda e Cortegaça (Ovar), o MAMAOT admite “uma elevada taxa de erosão”, em especial no último inverno.
Qual a solução? “O desafio consiste em minimizar a erosão, o máximo possível, através de uma gestão mais eficaz em termos de ordenamento territorial da orla costeira, promovendo demolições de construções que o Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) contempla ou que sejam ilegais, protegendo e recuperando os sistemas dunares ainda existentes”, responde o MAMAOT.
Só que o ordenamento do território é o outro motivo, quase tão acentuado como o efeito das barragens, que está na base desta situação, segundo Bordalo e Sá: “muitas das urbanizações construídas, se não forem demolidas para protecção da zona costeira, o mar vai encarregar-se de o fazer numa questão de anos . É preciso ter a coragem de atuar de forma a proteger o bem comum, mesmo em detrimento do bem particular, porque é tudo uma questão de tempo”.
Ainda assim, o perigo maior está no bloqueio dos rios, garante Bordalo e Sá: “a continuada construção de grandes barragens vai-se refletir de uma forma mais aguda em termos da redução do caudal sólido e as nossas praias precisam desesperadamente de serem recarregadas”.