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Portugueses desenvolvem sistema de automação para tornar fábricas altamente flexíveis

Tecnologias desenvolvidas no âmbito do projeto Scalable 4.0 estão implementadas na linha de produção da Simoldes Plásticos, em Oliveira de Azeméis.

Desenvolver sistemas de automação escaláveis e flexíveis, que permitem a otimização e manutenção de linhas de produção em tempo real, adaptando a automação de uma fábrica de acordo com as necessidades imediatas da produção. Foi este o objetivo do projeto europeu ‘Scalable 4.0 – Scalable automation for flexible production systems’, onde participaram quatro entidades portuguesas.

“A maior parte das linhas de produção existentes nas fábricas estão subotimizadas. Isto significa que quando existe uma reconversão do que é necessário produzir, do tipo de produto e das quantidades, como aconteceu agora em muitas fábricas com a pandemia, essas linhas de produção demoram muito tempo a adaptar-se e não o fazem considerando com uma visão de conjunto da fábrica. Com este sistema, nós conseguimos simular visualmente toda a linha de produção e gerir as necessidades de automação de forma mais flexível”, explica Germano Veiga, investigador do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologiae Ciência (INESC TEC), que coordena o projeto.

Além dos sistemas de gestão da automação, o ScalABLE 4.0 implementou também tecnologias que permitem uma rápida integração dos robôs e equipamenos na produção de fábrica, criando indústrias altamente flexíveis.

As soluções foram testadas em dois pilotos: na empresa portuguesa Simoldes Plásticos e na fábrica da Peugeot-Citroën, do grupo PSA, em Trémery (França). Em ambos os casos, graças a soluções costumizadas, o impacto económico deste projeto será considerável já que, ao escalar dinamicamente os recursos de produção para o volume e variante de produção atual, os dois utilizadores finais conseguirão uma redução de recursos utilizados e de stock acumulado.

“No caso da Simoldes Plásticos, havia um problema de subautomação, porque a empresa tinha uma grande diversidade de produtos e não era rentável investir na robotização tradicional. Foram então exploradas formas de instalar robôs rentáveis.

Por exemplo, foi criada uma linha multiproduto em substituição de quatro linhas individuais (uni-produto). A esta linha, de acordo com as necessidades de produção, podem ser adicionados até dois robôs que fazem o empacotamento das peças. Com esta implementação, a Simoldes, conseguiu reduzir o número de operadores diretos e indiretos em 75 e 20 por cento, respetivamente. Esta alteração, permitiu também reduzir o equipamento necessário em 25 por cento”, afirma Vítor Resende, da Simoldes Plásticos.

No caso da Peugeot-Citroën, verificava-se que a existência de sobreautomação levava a que muitas vezes a robotização nas linhas de montagem fosse maior do que a necessária em períodos de menor procura. Foi, assim, necessário adaptá-la para nestas situações incluir operadores humanos e ajustar o nível de automação à procura. Com esta mudança de paradigma, é esperada uma poupança de 10M€ na fase de introdução de um novo produto para produção.

Além do INESC TEC e da Simoldes, fazem parte dos parceiros portugueses a Critical Manufacturing e a Sarkkis Robotics. O consórcio integra ainda o Grupo da Peugeot-Citroen PSA Automobiles, Fraunhofer IPA, Universidade de Lund e a Universidade de Aalborg.

O projeto foi financiado em quatro milhões de euros pelo programa de investigação e desenvolvimento da União Europeia Horizonte 2020.

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