No seu comentário semanal na RTP, José Sócrates defendeu que Paulo Portas – líder do CDS-PP e ministro de um Governo que “não tem juízo” – ficou com a “credibilidade arrasada”. Em causa está a fronteira dos cortes sobre os pensionistas, que Portas defendeu, antes de ter aprovado a taxa de sustentabilidade que leva a reduções nas pensões.

O Governo e o ministro Paulo Portas foram alvo de duras críticas de José Sócrates, ontem à noite, no seu comentário semanal na RTP, que o ex-primeiro-ministro assina.

Segundo Sócrates, a “credibilidade de Paulo Portas ficou arrasada”, em virtude das posições do líder do CDS-PP relacionadas com os cortes nos pensionistas.

Portas, recorde-se, fez um comunicado ao país, onde explicou que existia uma fronteira que não permitiria que o Governo ultrapassasse. Essa fronteira estava precisamente nos cortes das pensões. Para Sócrates, essa fronteira do líder do CDS “durou uma semana”, uma vez que o Governo prepara um corte de 10 por cento das pensões, com o apoio do ministro e líder centrista.

Este corte de pensões está relacionado com uma taxa de sustentabilidade. O último Conselho de Ministros, segundo o ex-secretário-geral do PS “assinala com pompa e circunstância que a fronteira de consciência de Paulo Portas durou uma semana”, sem que se verificasse qualquer “mudança de circunstância”.

“Paulo Portas vai precisar de mais do que uma pirueta retórica para explicar a sua decisão. Quem ouviu o líder do CDS-PP deve ter ficado com a sensação de ter sido atraiçoado”, salientou Sócrates na RTP.

O ex-primeiro-ministro considera, por outro lado, que o corte de pensões defendido pelo Governo vai esbarrar no Tribunal Constitucional.

O ministro faz parte de um Governo “sem juízo”, “completamente assustado e “socialmente isolado”. Para José Sócrates, as duas partes da coligação “são realmente más”. Portugal entrou num “pântano político”, com “este Governo e este Presidente da República”.