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Pessoal do Casino de Espinho em greve contra salários congelados e “falta de caráter”

Trabalhadores do Casino de Espinho concentraram-se hoje à entrada desse edifício, em greve contra a empresa que acusam de “falta de caráter”, por medidas como o congelamento salarial desde 2006 e o encerramento da cantina durante o jantar.

Reunindo esta tarde mais de 100 funcionários como ficheiros fixos, caixas, pagadores e contínuos, o protesto prosseguirá sábado nesse mesmo equipamento do distrito de Aveiro, onde o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Salas de Jogos diz que “os abusos se verificam há muito tempo e têm que passar a ser denunciados para a sociedade portuguesa perceber que o Estado não pode andar a apoiar empresas que revelam esta falta de caráter”.

As críticas de Carlos Teixeira prendem-se sobretudo com cinco aspetos, a começar pelo facto de que os salários dos 180 trabalhadores do Casino de Espinho “não registam atualizações desde 2006” – apesar de essa unidade do Grupo Solverde “faturar sozinha um valor a rondar os cinco milhões por mês”.

O porta-voz dessa equipa afirma também que a administração da casa “não demonstra qualquer sensibilidade para com a violência deste tipo específico de funções”, que envolvem horários de laboração “até às seis da manhã, num ambiente pesado de fumo e de jogo”, sem que o pessoal beneficie do serviço de Medicina do Trabalho.

Outra reclamação prende-se com a “pressão continuada” para retirar direitos aos trabalhadores, o que atingiu o seu ponto alto em 2008 quando “o casino fez tudo para que o contrato coletivo de trabalho caducasse e conseguiu acabar com ele”.

Depois disso, a administração da Solverde retirou aos funcionários “o direito a folga nas suas datas de aniversário e no dia de Natal”, ao que se seguiu ainda “o encerramento da cantina no horário das 20:00 às 23:00, que é precisamente a hora a que as pessoas costumam jantar”.

Desde então, os trabalhadores da casa “têm que recorrer a refeições no exterior ou, se levarem marmita, ficam a comer em qualquer sítio que consigam arranjar para isso, o que não tem lógica nenhuma quando podiam ter essa pausa no conforto da cantina” – que “continua aberta no restante horário de funcionamento” do casino, geralmente das 15:00 às 04:00

Carlos Teixeira diz que “é preciso denunciar estes abusos, acabar com esta ofensiva aos trabalhadores e impor um contrato coletivo para o setor”.

Nesse sentido, realça que a atuação do Casino de Espinho já várias vezes foi contestada em tribunal – “que, felizmente, deu sempre razão aos trabalhadores” – e alerta para o contínuo desrespeito da Solverdes para com a Portaria 1159/90 de 27-11-1990.

“Estas irregularidades só continuam a verificar-se porque há a cumplicidade total do Serviço de Inspeção de Jogos [tutelado pelo Turismo de Portugal]. Mas se o Turismo de Portugal é um parceiro de negócios dos casinos e todos os meses arrecada 50 por cento da receita de jogo, como é possível que seja essa entidade a fiscalizar o setor?”, questiona o presidente do Sindicato.

Carlos Teixeira apela, portanto, à intervenção do Governo, defendendo que “o Estado tem a obrigação de controlar melhor as empresas por onde passam gigantescos milhões de euros todos os meses”.

Contactada pela Lusa, a administração do Casino de Espinho – que gere também os casinos de Chaves, Vilamoura, Praia da Rocha e Montegordo – não quis comentar o assunto.

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