O socialista Pedro Sánchez tentou hoje, sem sucesso, convencer a direita espanhola a abster-se, permitindo a sua recondução como primeiro-ministro, ficando agora dependente de um acordo de última hora com a extrema-esquerda para ser investido na quinta-feira.
Durante o debate que teve lugar esta tarde no parlamento espanhol, o candidato do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) pediu insistentemente ao PP (Partido Popular, direita) e ao Cidadãos (direita-liberal) para se absterem, para assim não depender dos independentistas catalães para ser investido.
“Não lhe peço que se abstenha de forma gratuita”, disse o chefe de Governo de gestão ao líder do PP, Pablo Casado, que recusou qualquer entendimento, porque Pedro Sánchez “não é uma pessoa em quem se possa confiar”, sendo um “prolongamento” do projeto de rutura do país defendido pelos independentistas.
Perante a insistência em abster-se, o líder do Cidadãos, Albert Rivera, também sublinhou que o seu partido ia votar “não” com as duas mãos: “não ao programa de Sánchez e não à equipa que vai executar o programa de Sánchez”, disse.
Por seu lado, o líder do Unidas Podemos, Pablo Iglesias não gostou das insistências de Sánchez a pedir a abstenção da direita, tendo ironizado e pedido, “por favor”, ao candidato socialista para não pedir também a abstenção ao Vox (extrema-direita).
Unidas Podemos está a negociar com o PSOE a formação de um Governo de coligação desde que na passada sexta-feira Pablo Iglesias anunciou que já não exigia fazer parte desse executivo, cedendo a uma das pretensões dos socialistas.
Para ser investido na terça-feira, Sánchez necessitaria dos 123 votos do PSOE (Partido Socialista Espanhol), dos 42 votos do Unidas Podemos e de outros pequenos partidos regionais, uma opção praticamente afastada, visto não haver ainda acordo com a extrema-esquerda.
Mas Pedro Sánchez espera que até quinta-feira possa chegar a um acordo com o Unidas Podemos que lhe permita ser investido, 48 horas depois da primeira votação, quando já só precisa de ter mais votos a favor do que os contra a sua recondução.
Nas legislativas realizadas em 28 de abril último, o PSOE obteve 123 deputados (28,68 por cento dos votos), o PP 66 (16,70 por cento), o Cidadãos 57 (15,86 por cento), a coligação Unidas Podemos 42 (14,31 por cento) e o Vox 24 (10,26 por cento), tendo os restantes deputados sido eleitos em listas de formações regionais, o que inclui partidos nacionalistas e independentistas.
No caso de não conseguir ser investido esta semana, haverá um período de dois meses para se tentar encontrar uma solução para situação de impasse, antes de serem marcadas novas eleições.