Economia

Paraísos fiscais: China censura sites após relatório “pouco convincente”

xi jinpingchina xi jinpingMais de 37 mil chineses terão ativos financeiros em paraísos fiscais, segundo o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação. O governo chinês considerou o relatório “pouco convincente”, mas tem bloqueados os sites dos jornais que noticiam o documento.

Os sites dos jornais que noticiaram a existência de mais de 37 mil chineses com ativos financeiros em paraísos fiscais estão a ser bloqueados na China. O governo do ‘império do Meio’ já veio garantir que o relatório, elaborado pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla internacional), é “pouco convincente”, mas são cada vez mais os órgãos de informação a relatar a censura aos sites.

Na China é impossível abrir os sites de jornais como o El Pais (Espanha), o Le Monde (França), o Guardian (Reino Unido) ou o Washington Post (EUA). Os canais da BBC continuam a ser emitidos, mas o sinal ‘desaparece’ sempre que aparece a notícia sobre o uso de paraísos fiscais por parte da elite chinesa.

“O Governo da China bloqueou a edição digital do El País no território para evitar a divulgação da investigação que revela que, familiares directos dos dirigentes máximos, entre eles o cunhado do Presidente, assim como magnatas, membros da Assembleia Popular e de empresas estatais mantêm sociedades opacas em paraísos fiscais”, acusa o jornal espanhol.

Entre os mais de 37 mil cidadãos que recorrem aos paraísos fiscais há familiares de dirigentes políticos, como revelado pelo ICIJ. Para além dos nomes, a organização promete revelar pormenores de atividades realizadas nesses paraísos fiscais. Para já, o site o ICIJ refere que, “apesar de termos publicado pela primeira vez informações sobre paraísos fiscais em junho de 2013, decidimos não revelar os detalhes sobre a China, Hong Kong e Taiwan até terminarmos a investigação”.

O prazo definido termina hoje, pelo que a qualquer altura o ICIJ pode avançar com os nomes dos mais de 37 mil cidadãos da China que movimentam ativos financeiros através de paraísos fiscais. O objetivo assumido é informar o público das “novas pistas e ligações sobre as relações da elite chinesa e os paraísos fiscais”.

De acordo com a notícia, há pelo menos 13 familiares dos principais dirigentes da segunda maior economia mundial, incluindo o cunhado do Presidente Xi Jinping, o filho e o genro do anterior primeiro-ministro Wen Jiabao, a filha do antecessor Li Peng, um genro do falecido Deng Xiaoping e um neto do comandante da revolução Su Yu.

A estes somam-se pelo menos 15 grandes empresários de companhias estatais, o que ‘justifica’ que as ‘paradisíacas’ Ilhas Virgens Britânicas tenham sido o segundo investidor direto da China em 2010. “A escolha das Ilhas Virgens não é estranha, uma vez que, em 2010, foi o segundo maior investidor estrangeiro na China, só ultrapassado por Hong Kong. Na descrição feita por este consórcio de meios, é possível ler que a elite ligada ao partido comunista chinês tem aberto sociedades offshores, após terem gerado fortuna através do regime do país”, complementa a notícia apresentada pelo El Pais.

A investigação sobre a relação entre as elites chinesas e os paraísos fiscais terá compilado mais de dois milhões de arquivos digitais, fundamentalmente das Ilhas Virgens Britânicas e Ilhas Cook. A análise dos dados foi realizada por 86 jornalistas, de 46 países.

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