Economia

Pondera investir em ouro? É provável que perca dinheiro

Ouro_900A Deco testou quatro tipos de investimentos em ouro: um ETF, um fundo de investimento, uma barra de ouro e um anel. Os resultados são surpreendentes.

Para realizar esta experiência, a Deco investiu em ouro, de diferentes formas: comprou um ETF (exchange traded fund) na bolsa de Nova Iorque, subscreveu um fundo de investimento, encomendou uma barra de 10 gramas num banco nacional e adquiriu um anel de ouro numa joalharia.

Deixou passar 15 dias e procedeu à venda de todos os produtos de investimento, através dos mesmos canais (com a exceção do anel, uma vez que a loja não faz recompra. No entanto, para superar o problema, o anel foi vendido num estabelecimento especializado em compra de ouro.

A Deco não quis avaliar o ouro como produto de investimento, até porque 15 dias não seriam suficientes (o longo prazo é determinante). “O teste centrou-se na eficiência (ou a falta dela) das várias formas de aplicar neste metal precioso. Essa avaliação é relativamente independente do tempo decorrido entre a compra e a venda”, justifica a associação.

As primeiras conclusões surpreendem. Apesar de, em 15 dias, a cotação de referência do ouro ter subido 4,8 por cento, as quatro formas de investimento geraram resultados muito díspares.

De entre as diferentes formas de investir em ouro, os ETF foram o mais eficaz, se o valor a aplicar atingir os milhares de euros. Já investir na peça de ourivesaria “foi ruinoso”. A Deco aconselha: “Não invista em jóias”.

Apesar de mais eficaz, o ‘exchange traded fund’ não é, necessariamente, uma boa opção. O investidor estaria protegido de um contexto de crise mundial – ou de um cenário de saída de Portugal da Zona Euro. Porém, os produtos financeiros (como fundos, ETF, entre outros) implicam grande risco, em virtude das incertezas do sistema financeiro global.

“O ETF é o único dos quatro produtos do teste cujo resultado é sensível ao montante aplicado devido a comissões fixas de negociação em bolsa. No período, o SPDR Gold Shares valorizou-se 4,2 por cento. Um investimento de cerca de 5800 euros teria rendido 3,5 por cento, mas como aplicámos apenas 580 euros, o resultado foi uma perda de 2,9 por cento”, resume.

Optar pelas barras de ouro também não dá garantias de lucro. Neste teste da Deco, a cotação da matéria-prima aumentou, mas as barras compradas pela associação de defesa do consumidor deram prejuízo.

“Comprámos uma barra de 10 gramas junto de um banco nacional por 37,5 euros por grama, a qual revendemos, passados 15 dias, por 36,2 euros por grama, ou seja, um valor mais baixo apesar da valorização do ouro (mais 4,8 por cento). O metal dourado subiu, mas este ‘negócio’ deu um prejuízo de 3,4 por cento”, explica a Deco.

Os fundos de investimento têm uma arquitetura mais complicada.

“Para o teste, escolhemos o BlackRock World Gold E2 USD. Sendo um fundo “comum” não pode comprar diretamente o metal dourado, mas investe em ações de empresas cuja atividade está ligada ao ouro, nomeadamente a extração”, salienta a Deco.

Em 2013, o ouro caiu 30,5 por cento, mas o fundo perdeu 51 por cento: “Com efeito, há mais fatores que influenciam as cotações, como as características de cada empresa e o sentimento geral dos mercados financeiros”. Ou seja, o risco é elevado e pode haver uma perda, apesar da valorização da matéria-prima.

E o anel de ouro?

Coloquemos de lado as questões subjetivas, como as sentimentais e artísticas – estamos a falar de investimento. O que importa é olhar o peso e o grau de pureza.

“Aqui a ineficiência do método de investimento é sinónimo de catástrofe: as diferenças entre os valores de compra e venda são abismais. Mesmo que opte por ouro que incorpore um mínimo de trabalho, tal como fizemos ao escolher um simples anel, terá de desembolsar um preço por grama muito acima do valor de mercado. Logo à partida, quando compra tem de suportar IVA, o que implica um custo acrescido de 23 por cento. No dia em que comprámos o anel, a cotação ajustada pela pureza, era de 28 euros por grama. No anel adquirido pagámos 59 euros por grama, o que com o IVA ascendeu a 72 euros”, relata a Deco.

Quando ocorreu a venda, ocorreu o mesmo choque: “A oferta de compra era, naquele dia, de 22 euros por grama, uma perda superior a 70 por cento! A cotação de referência de mercado para uma peça com 80 por cento de pureza, como o anel, era de 29,6 euros por grama”.

Em destaque

Subir