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Unicef: 35 países mais ricos têm 30 milhões de crianças a passar fome

crianca_fomeÉ a realidade crua, divulgada num relatório da Unicef, que aponta 30 milhões de crianças em situação de pobreza nos 35 países mais ricos do mundo, o que representa um universo de 15 por cento da população infantil a passar fome nos países ditos ‘ricos’. “A pobreza infantil nestes países não é inevitável”, aponta a Unicef no seu relatório Report Card 10.

A pobreza na população infantil é um drama em todo o mundo, mas segundo um relatório da Unicef, entidade das Nações Unidas para a infância, há três dezenas de milhões de crianças pobres: 15 por cento da população infantil que está sob vigilância desta entidade mundial.

De acordo com o relatório da Unicef, “num momento em que as medidas de austeridade e de redução de gastos sociais estão no centro dos debates”, surgem dados que “a extensão da pobreza infantil e das privações sentidas pelas crianças nas economias mais avançadas”.

No total, são cerca de “13 milhões de crianças da União Europeia, Noruega e Islândia” que “não têm acesso a elementos básicos necessários para o seu desenvolvimento”. A Unicef alerta ainda para o facto de “30 milhões de crianças viverem na pobreza em 35 países mais desenvolvidos”, em termos económicos.

O relatório Report Card 10 – que surge do Gabinete de Investigação da Unicef, analisa a pobreza e privação infantis no mundo industrializado, comparando e alinhando os países de acordo com o seu desempenho – conclui que “a pobreza infantil nestes países não é inevitável”.

Esta investigação revela dados preocupantes relativos aos países economicamente mais avançados. O estudo, realizado nos 27 países da União Europeia, bem como na Noruega, Islândia, Austrália, Canadá, EUA, Japão, Nova Zelândia e Suíça, mostra que só na Europa há 13 milhões de crianças pobres.

De acordo com Gordon Alexander, diretor daquele gabinete, “os dados disponíveis provam que um número demasiado elevado de crianças continua a não ter acesso a variáveis de base em países que têm meios para as proporcionar”. A Unicef teme que num contexto de crise “sejam tomadas decisões erradas, cujas consequências só serão visíveis muito mais tarde”.

Este Report Card 10 analisa a pobreza e privação infantis e compila os últimos dados disponíveis relativos a esta matéria, em todos os países industrialmente mais avançados.

A primeira avaliação utiliza o Índice de Privação Infantil, que se baseia em dados das Estatísticas da União Europeia sobre Rendimento e Condições de Vida de 29 países europeus, que incluem pela primeira vez uma secção consagrada às crianças.

A Roménia e a Bulgária são os países que apresentam as taxas de privação mais elevadas (70 e 50 por cento, respectivamente), seguidos por Portugal com uma taxa de 27 por cento. No entanto, os países mais ricos como a França e Itália têm taxas de privação superiores a 10 por cento.

O Gabinete de Pesquisa da Unicef procura determinar a percentagem de crianças que se encontram significativamente abaixo do que pode ser considerado normal para as respetivas sociedades.

Os países nórdicos e a Holanda têm as mais baixas taxas de pobreza infantil relativa – próximas dos sete por cento. A Austrália, o Canadá a Nova Zelândia e o Reino Unido têm taxas entre os 10 e os 15 por cento, de acordo com a Unicef, enquanto “mais de 20 por cento das crianças na Roménia e nos EUA vivem em situação de pobreza relativa”.

“Dinamarca e Suécia registam taxas de privação nas crianças bem mais baixas do que a Bélgica ou a Alemanha, ainda que estes quatro países tenham níveis de desenvolvimento económico e rendimentos per capita muito semelhantes”, destaca aquele relatório.

“O relatório torna claro que alguns governos conseguem muito melhores resultados do que outros, no combate ao problema da privação das crianças. Estes países mostram que a pobreza não é inelutável apesar do contexto económico atual. Não proteger as crianças dos efeitos da crise económica e financeira é um dos erros mais caros que uma sociedade pode cometer”, sublinha Gordon Alexander.

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