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ONU diz que ataque a migrantes na Líbia pode ser “crime de guerra”

O enviado da ONU à Líbia, Ghassan Salame, disse hoje que o ataque aéreo a um centro de migrantes perto da capital, Tripoli, pode constituir “crime de guerra”, pedindo à comunidade internacional para o condenar.

Pelo menos 44 pessoas morreram na sequência de um ataque aéreo que atingiu, na noite de terça-feira, um centro de detenção de migrantes nos arredores de Tripoli, segundo o mais recente balanço das autoridades líbias.

Para o enviado da ONU à Líbia, “este ataque pode claramente ser um crime de guerra, atingindo inocentes”.

Ghassan Salame pediu à comunidade internacional para “condenar este crime e impor sanções apropriadas aos que realizaram esta operação em flagrante violação do direito internacional humanitário”.

Horas antes, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados já tinha pedido o fim imediato do retorno de migrantes à Líbia, reagindo ao ataque aéreo nos arredores de Tripoli.

O porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, Charley Yaxley, lembrou o aviso dado há dois meses sobre o perigo que os migrantes corriam ao estarem no centro de detenção de Tajoura, devido ao clima de violência em Tripoli.

Também o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, condenou a morte de pelo menos 44 migrantes num centro de detenção na Líbia e pediu uma investigação independente ao que considerou um “crime horrendo” contra civis.

Da Europa, surgem várias reações de condenação do ataque, que o Governo líbio apoiado pela ONU, através de um comunicado, atribuiu ao Exército Nacional Líbio (ENL, do marechal Khalifa Haftar).

O ministro das Relações Exteriores italiano, Enzo Moavero, manifestou o “desalento” pelo ataque, depois de na sexta-feira já ter dito que a Líbia não era um país seguro para desembarcar migrantes.

“Esta nova tragédia mostra o impacto atroz da guerra sobre a população civil”, disse Moavero, num comunicado.

O Ministério das Relações Exteriores francês divulgou também um comunicado transmitindo a indignação pelo ataque, dizendo que “após esta tragédia, a França pede novamente às partes para cessarem os combates”.

Além dos 44 mortos, o porta-voz do Ministério da Saúde líbio, Malek Merset, acrescentou que o ataque contra o centro de detenção de migrantes em Tajoura, a sul de Tripoli, provocou ainda 80 feridos.

Em abril, as forças lideradas pelo marechal Khalifa Haftar, o homem forte da fação que controla o leste da Líbia e que disputa o poder político líbio, lançaram uma ofensiva contra Tripoli, onde está o Governo de Acordo Nacional, estabelecido em 2015 e reconhecido pela comunidade internacional (incluindo pelas Nações Unidas).

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