O bastonário da Ordem dos Médicos (OM) critica proposta de Manuela Ferreira Leite. A ex-ministra da Saúde defendeu “Saúde paga por quem pode”, numa medida provisória, mas José Manuel Silva contrapõe: “Os portugueses já pagam a Saúde, através dos seus impostos. E esses impostos não podem servir para benefício de alguns, ou para pagar a desgovernação”.

José Manuel Silva foi duro nas palavras, ao reagir à proposta de Manuela Ferreira Leite, ex-ministra das Finanças que defendeu ontem que “é preciso acabar com a ideia de que, no Estado, tudo é gratuito”.

Ferreira Leite, que participava num debate na Universidade Católica Portuguesa, apontou como caminho mudanças de paradigmas, entre os quais a ideia de que o Estado tem de fornecer todos os serviços, de forma gratuita.

Na situação atual, sustenta a social-democrata, faz sentido uma suspensão de gratuitidade de alguns serviços que o Estado está obrigado a prestar. “Durante dois ou três anos, a Educação e a Saúde não serem gratuitas, mas pagas por quem pode. Portugal deve rever o seu modelo social”, defendeu Manuela Ferreira Leite, para que “não se acumule dívida em cima de dívida”.

Um dia depois, o bastonário da OM lamentou estas palavras e lembrou a antiga governante de que o Serviço Nacional de Saúde “deve ser tendencialmente gratuito” para todos os cidadãos.

Em declarações à agência Lusa, José Manuel Silva, acusou Ferreira Leite de “ver mal o problema”, uma vez que “os portugueses pagam impostos”, pelo que têm direito a que o Estado cumpra o seu dever de prestação de serviços.

“Esses impostos não devem servir para alguns beneficiarem, ou para tapar, sucessivamente, os buracos da má governação, da desgovernação e da cegueira reguladora”, disparou o bastonário, que lembra que os serviços de Saúde são “um direito essencial”, para o qual os portugueses “pagam”.