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O relatório só sai em abril, mas a oposição já tem ‘culpados’ para colapso do BES

ricardo salgado O resultado do inquérito parlamentar ao caso BES/GES não deve ser conhecido antes do final de abril. Para PS, PCP e BE já há uma certeza: Ricardo Salgado é culpado, mas não pode ser o único. Há outros, incluindo o Governo, os supervisores e até a troika. O PSD lamentou a “chicana política” da oposição.

Quem é o responsável pelo colapso do Banco Espírito Santo (BES) e do Grupo Espírito Santo? PS, PCP e BE não hesitam em apontar o dedo a Ricardo Salgado, o ‘chefe’ da família, mas usam os restantes dedos para apontar noutras direções.

A principal conclusão dos partidos da oposição é que a culpa, não morrendo solteira, não pode ser da exclusiva responsabilidade de uma só pessoa, Ricardo Salgado. Os vários administradores do BES e do GES, os supervisores, os auditores, o Governo e até a troika têm de ser responsabilizados.

“Ao Governo, só faltou a acrescentar as suas próprias responsabilidades”, afirmou o socialista Pedro Nuno Santos, depois de ter enumerado os culpados: Ricardo Salgado e os restantes administradores do BES e do GES, os auditores externos, os supervisores, o Banco de Portugal (BdP), a CMVM, a troika e o Governo de Passos Coelho.

“É com dificuldade que vemos o Governo repetir até à exaustão que a responsabilidade é do BdP”, insistiu o deputado do PS, lembrando que houve “uma decisão de injeção de capital” oriunda “do Governo português e do BdP”.

Para o Bloco de Esquerda, “a responsabilidade do que aconteceu no BES pertence aos administradores”, pois foram “negligentes”. Porém, Mariana Mortágua também defendeu que não existe um só culpado.

“Houve falhas” na supervisão e o BdP atuou “tarde”, segundo a deputada bloquista, o que “terá consequências para os contribuintes”.

Quanto ao Governo, teve “duas responsabilidades”: “Ou envolveu-se e não o disse, ou não se envolveu de facto e isso é uma irresponsabilidade”.

Também o PCP apontou o dedo ao executivo de Passos Coelho. “Este Governo específico teve responsabilidade pela inacção. Sabia que estava um banco a colapsar, que um grupo estava em dificuldades” e nada fez para o evitar, afirmou Miguel Tiago.

Para além dos “sucessivos governos” desde os anos 90, o deputado comunista acrescentou que “tudo isto se deve à natureza de uma pessoa, ao comportamento” de Ricardo Salgado.

Até o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, se viu envolvido nas críticas do PCP e do BE. Em causa estiveram as declarações do chefe de Estado “15 dias antes do colapso”, como lembrou Miguel Tiago, e o ‘pormenor’ da comissão parlamentar de inquérito não ter podido questionar o Presidente.

Entre tantos culpados, a troika foi das que teve menos responsabilidade, mas não ficou isenta. “Se calhar a troika não podia dizer que um dos principais bancos estava a colapsar”, ironizou o deputado comunista.

Enquanto não são conhecidas as conclusões oficiais da comissão parlamentar de inquérito, o PSD, por intermédio de Carlos Abreu Amorim, lamentou esta “chicana política” da oposição, alegando que “parece haver mudança de estratégia”.

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