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O que faz às centenas de fotografias que guarda no telemóvel?

Um novo estudo da Epson revela que apenas dois por cento das fotografias passam dos telemóveis para as nossas paredes. Além disso, mais de um terço das pessoas admite não ter fotografias impressas de familiares ou amigos em casa.

Com a popularidade da fotografia digital e a partilha instantânea de fotografias nas redes sociais, os nossos álbuns de fotografias, e as preciosas memórias que contêm, estão a ganhar pó.

De acordo com um estudo realizado pela Epson sobre os hábitos de impressão, 86 por cento dos inquiridos afirma ter abandonado o hábito de criar álbuns de fotografias de família.

Além disso, cada pessoa não olha para um álbum de fotografias há mais de um ano e meio (19 meses), em média.

Isto apesar dos sentimentos positivos de bem-estar que a visualização de fotografias físicas dos entes queridos pode gerar: oito em cada dez pessoas afirmam que isso as faz felizes e mais de metade sente um sentimento de orgulho e nostalgia.

Enquanto 85 por cento dos pais acredita que a visualização de álbuns faz com que as crianças se sintam mais próximas dos seus familiares, 94 por cento afirma que os álbuns de fotos dão às crianças um forte sentido de identidade e as fazem sentir que pertencem à família.

Por outro lado, quando finalmente pegamos nos álbuns de fotografias esquecidos, 76 por cento gostam de encontrar nomes de pessoas, datas ou locais escritos no verso das fotografias.

Três quartos dos inquiridos acreditam que esta sensação de bem-estar pode perder-se porque as imagens digitais não lhes permitem fazê-lo com o mesmo pormenor e receiam que estas histórias se percam com os telemóveis.

Este facto é particularmente notório entre as gerações mais jovens, com 79 por cento dos jovens entre os 18 e os 29 anos a sentirem que podem perder a experiência, em comparação com 70 por cento das pessoas com mais de 60 anos.

Mas não se trata apenas de álbuns de fotos: o estudo concluiu que muitas das fotografias que tiramos todos os dias nunca veem a luz do dia.

Em média, temos 1030 imagens confinadas aos nossos telemóveis, mas só imprimimos dois por cento para expor em casa.

Mais de um terço das pessoas admitiu também que não tem nenhuma imagem impressa de familiares ou amigos em casa e 22 por cento disseram que preferem partilhá-las nas redes sociais.

Fotos impressas ajudam a recordar melhor

Linda Henkel, uma psicóloga cognitiva que investiga a memória na Universidade de Fairfield, Connecticut (EUA), alerta para a ameaça de “casas sem fotografias” e afirma que os smartphones podem estar a prejudicar a capacidade das pessoas para recordar acontecimentos do passado.

“Apesar das mudanças generalizadas na tecnologia, a função principal de tirar fotografias continua a ser a mesma: as pessoas tiram fotografias com a intenção de as utilizar para recordar momentos posteriores. No entanto, as fotografias impressas podem ajudar-nos a recordar melhor quando olhamos para elas, em vez de simplesmente as acumularmos nos nossos telemóveis”, afirma.

“Se tirarmos fotografias apenas como troféus para exibir nas redes sociais e concentrarmos a nossa atenção no número de comentários e gostos que recebemos, é menos provável que nos lembremos de pormenores das nossas experiências”, acrescenta a investigadora.

“Temos de interagir com as fotografias, dedicar algum tempo a organizá-las”

Linda Henkel reforça ainda que, para “manter essas memórias vivas, temos de nos envolver nos processos cognitivos que beneficiam a memória”.

“Temos de interagir com as fotografias, dedicar algum tempo a organizá-las, selecioná-las para encontrar as melhores e exibi-las em casa, imprimi-las para as juntar aos álbuns de família. Isto pode reforçar o acesso e a nitidez das nossas memórias, o que significa que temos muito mais probabilidades de nos lembrarmos de acontecimentos no futuro”, finaliza.

O relatório agora divulgado corrobora as conclusões desta investigadora. O estudo conclui que, entre as pessoas que têm fotografias de momentos especiais ou de entes queridos impressas nas paredes, mais de metade (55% por cento) sente que isso as ajuda a reviver a memória do momento em que a fotografia foi tirada.

Ao mesmo tempo, 45 por cento concordam que isso as ajuda a recordar melhor o momento específico.

Preocupantemente, 29 por cento dos pais confessam ter-se esquecido de fazer cópias das suas fotografias. Isto apesar do facto de 6 em cada 10 pessoas afirmarem que perderam fotografias ou documentos importantes por não terem conseguido descarregá-los e imprimi-los.

A morte do álbum de fotografias: 86 por cento das pessoas têm álbuns de fotografias de grande valor sentimental que nunca veem.

Linda Henkel acredita que tornar as nossas fotografias mais acessíveis é fundamental para guardar memórias: “Muitas vezes, temos milhares de fotografias guardadas nos nossos dispositivos, muitas das quais raramente olhamos depois, ou então temos dificuldade em encontrá-las novamente. Ter fotografias visíveis e físicas, seja em álbuns ou em exposição, pode ajudar-nos a aceder mais facilmente às nossas memórias de acontecimentos”.

“Não são apenas os pormenores visuais destas fotografias que recordamos”, sublinha: “Elas são também um portal para o nosso passado. Podemos recordar os sentimentos e emoções desse momento, num contexto mais alargado, como o que aconteceu mais tarde nesse dia ou mesmo outras memórias dessa época em geral. E isto traz outros benefícios para além da memória”.

“O estudo mostra que a partilha das nossas memórias com outras pessoas quando as recordamos está associada a muitos resultados positivos, como a melhoria do humor, uma maior sensação de ligação com os outros e menos sentimentos de solidão”, conclui a investigadora.

O estudo faz parte de uma nova campanha em que a Epson colaborou com Usain Bolt, que é embaixador da marca. Numa série de vídeos, Usain é visto a rever momentos pessoais da sua vida e carreira que tem atualmente no telemóvel.

Ao reviver algumas das suas memórias mais felizes, o homem mais rápido do mundo apercebe-se do valor de imprimir essas imagens que, de outra forma, poderiam ter-se perdido.

“Estou orgulhoso de estar envolvido nesta campanha porque me fez lembrar de imprimir cópias de algumas das minhas memórias mais importantes. O processo de partilhar as histórias com a minha própria família foi uma experiência muito positiva para todos nós”, comenta Usain Bolt.

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