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O épico regresso dos Silence 4 a Lisboa

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Caro leitor responda-me, com franqueza, à seguinte questão: quantas vezes teve o privilégio de presenciar História? Sim, essa mesmo com “H” maiúsculo. Para alguns, duas mãos não chegam. Para outros, uma até será demais. Factores como a idade ou o percurso profissional são importantes, mas não determinantes. Tudo isto porquê? Porque esta semana aconteceu História diante dos meus jovens olhos. Não, não houve um novo 25 de Abril e o Campeão Nacional de Futebol ainda não é conhecido. Esta semana no “Desnecessariamente Complicado” falo-vos do épico concerto dos regressados Silence 4 na Meo Arena, em Lisboa!

Tendo eu nascido na maravilhosa década de 90 só podia ser um grande fã dos Silence 4, certo? Claro que sim! Aliás, eu tenho a teoria de que tal como qualquer português tem de gostar (nem que seja apenas um bocadinho) da Amália Rodrigues o mesmo se aplica a esta banda oriunda de Leiria. E não, não estou a comparar a mítica fadista à jovem banda recém-regressada aos palcos. Até porque não é possível comparar coisas que não são comparáveis.

A verdade é que todos tínhamos saudades dos Silence 4, que apesar de terem durado muito poucos anos existiram tempo suficiente para marcarem para sempre as nossas vidas. E quando a banda anunciou o regresso, em jeito de celebração do milagre que permitiu à vocalista Sofia Lisboa continuar a brindar-nos com a sua encantadora e mágica voz, os fãs não quiseram desiludir e rapidamente encheram as salas!

Dos poucos concertos que ofereceram ao público eu apenas estive presente num. Foi o último, aconteceu em Lisboa, na Meo Arena e teve casa completamente cheia. Tive o prazer de estar acompanhado de dois bons amigos que, tal como eu, são fãs destes jovens músicos e cantores nacionais. E o facto de termos entrado no recinto uma hora antes do concerto começar permitiu-nos ter uma visão privilegiada para os acontecimentos. Só vos digo isto: centro do palco, terceira fila. Estávamos tão perto do palco que quando que ganhámos dores de pescoço por termos de olhar para cima!

Houve de tudo: aquários gigantes, carros a chegarem do tecto, cadeiras penduradas por cima das cabeças dos músicos e cantores leirienses assim como um farol quase em tamanho real com uma potente luz no cimo (tal e qual um farol real, lá está). Foram três horas em pé, a bater palmas e assobiar (em tom de incentivo e não de reprovação claro está) alguns dos melhores profissionais deste sector que o nosso pequeno mas honrado país possui.

Foi uma viagem de sentimentos e emoções marcada por vários momentos em que as lágrimas escorreram pelas faces de todos nós. Jovens e menos jovens. Casados e solteiros. Todos estavam unidos em torno da música. As nossas almas estiveram interligadas naquilo que foi muito mais do que um simples concerto. O abraço, emocionado, de Sofia Lisboa à sua irmã (dadora de medula que lhe permitiu sobreviver à doença) foi muito provavelmente um dos momentos mais tocantes a que já assisti.

Houve espaço para uma aparição surpresa de Sérgio Godinho e até para uma ida a um “palco secundário” presente no centro da arena. Nestas três horas todos nós protagonizámos uma viagem emotiva aos anos 90.

Foi como recordar toda uma década, de forma condensada.

{loadposition inline}No final, enquanto aguardávamos a nossa vez para sair da Meo Arena, olhámos em volta. E aquilo que vimos não podia ser mais positivo: sorrisos e gargalhadas assim como trocas de abraços e carinhos entre os jovens casais. Naquele noite não decorreu apenas um concerto.

Naquela noite Lisboa presenciou História. Porque sobreviver a uma doença tão mortífera quanto a Leucemia é mais do que motivo para celebração. Porque parte da verba dos concertos foi para a Liga Portuguesa Contra o Cancro. Porque estivemos unidos em torno daquelas músicas, daquelas letras, daquilo que transmitem a quem as ouve.

É provável que mais cedo ou mais tarde os Silence 4 regressem aos discos ou ás digressões nacionais, contudo nenhum concerto se vai equiparar ao que aconteceu na Meo Arena, no dia 5 de Abril de 2014. Porque ali aconteceu História. Com um “H” tão grande quanto a determinação, energia e força de viver da Sofia Lisboa. Não estiveram lá? Tenho pena de vocês. Eu estive. E irei lembrar-me dessa noite para todo o sempre, isso vos garanto!

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