O ex-ministro socialista João Cravinho rejeitou a acusação, feita por Emídio Guerreiro (PSD), de ser o “pai” da parceria público-privada do Metro Sul do Tejo. Depois de Cravinho ter alegado que só lançou o concurso público, o PSD quer ouvir quem lhe sucedeu: Ferro Rodrigues e José Sócrates.
O Parlamento continua sem apurar quem é o responsável político pela parceria público-privada (PPP) do Metro Sul do Tejo (MST). João Cravinho, antigo ministro das Obras Públicas, foi hoje ouvido na comissão de inquérito às PPP do setor rodoviário e ferroviário, mas descartou a ‘paternidade’ da obra do MST, alegando que lançou o concurso internacional a um mês de ter deixado o Governo, corria o mês de outubro de 1999.
Após a audição, o ex-ministro socialista admitiu, aos jornalistas, “as responsabilidades integralmente no que diz respeito à concessão Oeste porque assinei o contrato de concessão”, rejeitando qualquer influência no âmbito do MST por apenas ter aberto “o concurso internacional”. “Um mês depois fui-me embora do Governo”, recordou Cravinho, e só “quase três anos depois é que fazem a assinatura do contrato”, em julho de 2002, quando o ministro das Obras Públicas era Valente de Oliveira.
“Negócio ruinoso”
João Cravinho, acusado pelo deputado do PSD Emídio Guerreiro de ser o “pai” de um “negócio ruinoso para o Estado”, nomeadamente o MST, respondeu que “estas questões de paternidade nos humanos são uma questão de nove meses e não uma questão de 18 ou de 27 meses”, o tempo que mediou entre o lançamento do concurso e a assinatura do contrato. “A responsabilidade política vem com quem outorga a concessão e resulta da apresentação de propostas”, concluiu o ex-ministro.
Se Cravinho não é o “pai” e admitiu que “os seus sucessores poderiam ter alterado” o modelo do concurso para o MST, o PSD exige um ‘teste de paternidade’ a esses “sucessores”, nomeadamente Ferro Rodrigues e José Sócrates. Emídio Guerreiro revelou a bancada parlamentar ‘laranja’ vai pedir à comissão de inquérito que “sejam enviados os inquéritos indicativos aos dois ministros que se sucederam ao engenheiro João Cravinho no Governo de António Guterres, ou seja, Ferro Rodrigues e José Sócrates”.
