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Médicos avançam na ‘ressurreição’ de humanos, após testar método em porcos

esclerose multipla Ensaio de médicos norte-americanos permitiu ‘ressuscitar’ um corpo de um animal clinicamente morto. Agora, Peter Rhee e Samuel Tisherman querem aplicar a técnica em humanos. E extravazam a ciência para tocar na ética. “É importante que as pessoas saibam que não se trata de ficção científica”, diz Tisherman.

Um trabalho da autoria de dois médicos da Universidade de Maryland, nos EUA, veio agitar a comunidade científica e colocar o dedo na ferida sobre os limites da ética.

Peter Rhee e Samuel Tisherman aplicaram, com sucesso, uma técnica que consistiu em retirar o sangue do corpo de um animal e arrefecer o corpo cerca de 20 graus abaixo dos níveis normais.

Ora, nestas condições, àquela temperatura, a atividade cerebral é suspensa, não há batimento cardíaco, sendo que a pessoa é considerada clinicamente morta. No entanto, nestas condições, “é possível trazer a pessoa de volta”, realça Peter Rhee, em declarações à BBC.

Os dois investigadores de Maryland já confirmaram esta teoria em porcos. E querem avançar para os seres humanos, mantendo um corpo morto durante horas, para lhe devolver vida posteriormente.

Objetivo seria tratar um paciente com um problema de saúde. Colocá-lo nestas condições, curá-lo e, depois, repor o sangue.

Com o aquecimento sanguíneo, o cérebro retomaria a sua atividade e o coração voltaria a bater – esta é a crença de Peter Rhee e Samuel Tisherman, tendo como base o teste feito naqueles animais.

Os investigadores garantem que não se verificaram efeitos secundários nos porcos que foram sujeitos a este teste.

Apenas tiveram dificuldade em recuperar a lucidez, mas esse problema ficou sanado em horas – do mesmo modo que sucede com a toma de uma anestesia.

Será que em seres humanos o resultado é o mesmo? Rhee e Tisherman colocaram a pergunta. E logo a seguir outra: será possível obter uma autorização para avançar na investigação?

A resposta: poderão recorrer ao método da ‘ressurreição’ em pessoas que tenham sido alvejadas, em Pittsburgh, na Pensilvânia. Mas os dois médicos acreditam que a técnica poderá ser útil em pessoas que tenham sofrido um ataque cardíaco, por exemplo.

Antes de darem o passo que se segue, os investigadores terão de adaptar o método inovador. É que, no caso dos porcos, foi fácil devolver aos animais o próprio sangue. Nos humanos, poderão ter de recorrer a um banco de dadores.

Samuel Tisherman provocou uma enorme celeuma na comunidade científica quando revelou que está pronto para fazer testes com humanos.

As primeiras cobaias estão escolhidas. Moram em Pittsburgh. São pacientes que não sobreviverão, usando as técnicas convencionais.

“É importante que as pessoas saibam que não se trata de ficção científica”, diz Tisherman, que acredita que a morte é um estado reversível.

“Fomos educados a acreditar que a morte é um momento absoluto, e que quando morremos não tem mais volta”, diz Sam Parnia, da Universidade Estadual de Nova York. “Com a descoberta básica da reanimação cardiorrespiratória nós passamos a entender que as células do corpo demoram horas para atingir uma morte irreversível. Mesmo depois que você já virou um cadáver, ainda existe como resgatá-lo.”

“Uma das experiências mais incríveis é observar um coração a bater de novo”, complementa Peter Rhee.

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