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Médico que concebeu criança com três pais defende que técnica pode ter interesse mundial

John Zhang, o médico responsável pelo nascimento da primeira criança com três pais disse à agência Lusa que a técnica está a merecer a atenção de todo o mundo, tendo recebido vários pedidos de muitos países europeus.

O especialista em medicina de reprodução defende que a técnica de conceber uma criança com três pais está a ter um elevado destaque mundial, pelo que tem chegado até ele vários pedidos da grande maioria dos países europeus.

John Zhang foi notícia em 2016, após a revista científica britânica New Scientist ter anunciado o nascimento do primeiro bebé do mundo concebido com o ADN de três pessoas, no caso do pai, da mãe e de uma dadora.

O bebé, de seu nome Abrahim Hassan tinha já cinco meses de idade aquando do anúncio, em setembro deste ano.

A técnica foi utlizada nesta ocasião de forma a evitar a transmissão de uma doença genética por parte da mãe de Abrahim, portadora do síndrome de Leigh.

O casal oriunda da Jordânia viu-se forçado a recorrer à técnica de Zhang depois de ter sofrido vários abortos e ter perdido dois filhos.

Em declaraçõe à agência Lusa, o especialista explicou a técnico recorrendo a um onov, cuja gema – o núcleo – contém o ADN que se traduz nas características do bebé – cabelo, olhos, altura, etc.

“Também há ADN na ‘clara de ovo’ (mitocondrial), que condifica a forma como o corpo funciona, como os músculos crescem, a respiração dos pulmões, o funcionamento do cérebro, etc.”, confessou.

De forma a retirar a doença do ADN mitocondrial, a equipa de especialistas transferiu a “gema do ovo” da mulher do casal para uma “clara de ovo” de uma doadora, da qual tinha sido removida a “gema”, recorrendo a “um impulso elétrico especialmente cronometrado para causar a fusão celular, através do qual a ‘gema do ovo’ da doente se ligou à clara da doadora”.

Apesar do sucesso, Zhang alerta para a necessidade de “uma habilidade excecionalmente alta no laboratório” para pôr a técnica em prática.

“São necessários equipamentos especializados e um tempo preciso para provocar uma fusão celular bem-sucedida. É igualmente importante conseguir remover o máximo de ADN saudável, o que pode ser complicado”, clarificou.

Neste sentido, o especialista reconhece que não há, até então, uma escola que consiga assegurar a preparação adequada para este tipo de procedimentos.

“De facto, só existem algumas pessoas selecionadas no mundo que podem fazer este trabalho. Além disso, é mais caro para o laboratório fazer isso do que fetilização ‘in vitro’ tradicional”, sublinhou.

Além de Abrahim Hassan, também uma criança foi concebida com esta técnica, na Ucrânia, pelo médico Valerie Zukin, ainda que com algumas alterações.

John Zhan ressalvou, contudo, que é ainda desconhecido se esta técnica poderá evitar doenças como um conjunto de patologias mitocondriais, entre as quais a miopatia mitocondrial, a diabetes mellitus e a surdez, a neuropatia ótica hereditária de Leber, neuropatia, ataxia, retinite pigmentosa e ptose.

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