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Mais de dois terços dos africanos consideram democracia a melhor forma de governo

O trabalho desta rede de centros de estudos africanos intitulado “Democracia em África: procura, oferta e o democrata insatisfeito” concluiu que, em média, 68 por cento dos africanos estão “fortemente comprometidos com a democracia”, 78 por cento preferem eleições multipartidárias a um regime presidencialista ditatorial, 74 por cento rejeitam um Estado de partido único e 72 por cento um regime militar.

No entanto, os dados variam consideravelmente quando se analisa cada país, registando-se uma diferença de 41 pontos percentuais entre os países com os maiores e menores níveis de apoio ao sistema democrático.

A Serra Leoa regista os índices mais elevados de apoio (84 por cento) enquanto Essuatíni (antiga Suazilândia) fecha a lista com os menores (43 por cento).

Outros 20 países, incluindo Cabo Verde (70 por cento), registam níveis de apoio ao regime democrático acima da média, enquanto os restantes 14, onde se contam São Tomé de Príncipe (61 por cento) e Moçambique (57 por cento), ficam abaixo.

As diferenças entre países acentuam-se mais quando a questão é a rejeição de um regime militar (49 pontos percentuais de diferença), com a Zâmbia a mostrar níveis de rejeição na ordem dos 92 por cento e o Burkina Faso com 43 por cento.

Entre os lusófonos abordados no estudo, é em São Tomé e Príncipe que é mais expressiva a recusa de um regime militar com 82 por cento, acima da média de 72 por cento para a globalidade dos 34 países, seguindo-se Cabo Verde com 69 por cento e Moçambique com 53 por cento, ambos abaixo da mesma média.

Mas, a maior diferença entre países (52 pontos percentuais) acontece quando num indicador se cruza o apoio à democracia com a rejeição de qualquer forma de regime autoritário, com a Zâmbia (67 por cento) e a Mauritânia (66 por cento) a liderar a lista dos países que preferem a democracia e rejeitam todas as formas de governo autoritário, percentagem que baixa para 23 por cento na África do Sul e 21 por cento em Moçambique.

Em Cabo Verde, o nível para este indicador é de 42 por cento, o mesmo valor que a média dos 34 países, com São Tomé e Príncipe a registar 41 por cento, imediatamente abaixo da média.

O estudo aponta ainda alterações neste indicador registadas entre 2014/2015 e 2016/2018, com 14 países, incluindo Cabo Verde (de 57 por cento para 42 por cento) a registarem reduções importantes na percentagem de pessoas que preferem a democracia e rejeitam qualquer tipo de regime autoritário.

Em sentido contrário, Moçambique passou de 9 por cento para 21 por cento a percentagem da população que apoia a democracia e rejeita qualquer regime autoritário.

Os dados revelam também a perceção de que a oferta democrática é menor do que a procura, ou seja, as populações têm menos democracia do que a que desejam.

Cerca de 51 por cento considera que o seu país é uma “democracia plena” ou com “problemas menores”, mas apenas 43 por cento se mostram satisfeitos com o seu funcionamento.

São os homens, com idade entre 46 e 55 anos, das zonas urbanas e que habitualmente debatem política com amigos e familiares que mais reclamam e apoiam um regime democrático.

Entre os entrevistados “a quem nunca falta comida”, 44 por cento mostram uma tendência democrata, enquanto esta percentagem se reduz para 30 por cento entre aqueles a quem “sempre falta sustento”.

O Afrobarómetro realiza periodicamente, desde 2000, este estudo com as mesmas questões para tentar perceber a preferência da população relativamente aos regimes políticos.

Os dados publicados hoje baseiam-se em 45 mil entrevistas realizadas nos 34 países entre 2016 e 2018.

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