De acordo com um estudo sobre violência, na família e não só, 12,3 por cento da população com idade superior a 60 anos revelou ter sofrido algum tipo de ato violento, no seio familiar, profissional, junto de amigos ou vizinhos. O ‘Estudo Populacional Sobre a Violência’, apresentado hoje, é da autoria do Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge.
Foi apresentado nesta terça-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, o ‘Estudo Populacional Sobre a Violência’, realizado pelo Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge, que recorreu a uma amostra de 1123 pessoas.
A pesquisa, tornada pública durante o seminário ‘Envelhecimento e Violência’, conclui que 12,3 por cento da população com idade superior a 60 anos revelou ter sofrido algum tipo de ato violento, no seio familiar, profissional, junto de amigos ou vizinhos. Trata-se de uma percentagem elevada, que corresponde a cerca de 314 mil pessoas.
Os participantes neste estudo foram confrontados com potenciais atitudes violentas, ocorridas nos 12 meses anteriores à entrevista a que foram submetidos. E 12, por cento revelaram que pelo menos uma vez se sentiram alvo de atitudes violentas, no seio familiar e não só: no grupo de amigos, ou em contexto profissional.
O estudo avaliou diversos tipos de violência, desde agressões físicas a coação psicológica, passando por ameaças sexuais a negligência, ou mesmo atitudes relacionadas com dinheiro.
E são precisamente a violência psicológica e pressões financeiras que se destacam, representando mais de metade dos atos violentos: 6,3 por cento de pessoas com idade superior a 60 anos, ou 160 mil pessoas.
A violência financeira é praticada sobretudo pelos descendentes das vítimas, desde filhos, enteados ou mesmo netos. Mas há também cônjuges ou ex-companheiros a praticarem condutas que ultrapassam a agressividade.
No que diz respeito a violência física, há 2,3 por cento de pessoas nesta faixa etária que se diz vítima, no ano anterior à entrevista. A violência sexual representa o crime com menor registo (0,2 pontos percentuais), cerca de metade dos atos de negligência.
Outro dado a reter deste estudo é a baixa percentagem de pessoas que apresentaram queixa, sentindo-se vítimas deste tipo de atos violentos. Duas em cada três agressões ficaram guardadas no silêncio das vítimas.