Nas Notícias

Laboratórios obrigados a notificar cancros e outras doenças

banhos de sol

A partir do próximo ano, o Ministério da Saúde passa a ser notificado de todos os casos de cancro da pele em Portugal. Por enquanto, o sistema de notificação obrigatória só abrange as doenças transmissíveis. Das outras doenças, como o cancro da pele, não há dados oficiais.

Quantos casos de cancro há em Portugal? E como está a evoluir ou regredir a doença? Nem a Direção Geral da Saúde (DGS) consegue responder a estas questões.

Para conhecer melhor o panorama das doenças e melhorar o combate às mesmas, várias condições vão passar a integrar o sistema de notificação obrigatória, a começar pelo cancro da pele.

Para já, a obrigação de notificar só existe para os casos das doenças transmissíveis, que integram o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SINAVE). A partir do próximo ano, as coisas vão mudar, como anunciou o diretor geral da Saúde, Francisco George.

“Nós vamos introduzir para os cancros da pele um novo sistema que chamamos de SINAVE, que é o sistema que está concebido para notificar doenças de uma lista que são de caráter obrigatório, isto é, que os médicos têm que notificar”, adiantou o responsável.

O cancro da pele é apenas o exemplo de uma doença em que a realidade nacional não é conhecida, embora as estimativas apontem para a tendência de aumento dos casos e da gravidade dos mesmos.

As declarações de Francisco George foram proferidas durante a apresentação do plano nacional de combate ao cancro da pele, promovida pela Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC).

No âmbito deste plano, as análises às amostras que são colhidas para diagnóstico laboratorial vão ficar disponíveis numa plataforma eletrónica, na qual vão ser incluídos os laboratórios de anatomia patológica.

Como os laboratórios terão de notificar os casos positivos de cancro cutâneo, a DGS espera ficar a conhecer “de maneira muito rápida a evolução em termos quantitativos do cancro da pele que é diagnosticado, mas também da natureza desse diagnóstico, que tipo de cancro é”, reforçou o responsável.

“Temos ideia de que está a aumentar, sabemos muito bem que essa relação é comprovada com a exposição ao sol, aos raios ultra violeta”, reconheceu Francisco George, “mas agora vamos, logo que o diagnóstico seja feito, receber essas informações”.

O secretário-geral da APCC, Osvaldo Correia, classificou esta medida como uma das “mais importantes” adotadas pela tutela: “Só assim conseguimos saber o que temos de cancro de pele, que gravidade é que temos e onde estão”.

“Se tivermos essa fonte de informação, as estruturas governamentais podem dotar os serviços de recursos humanos, de recursos técnicos e de fontes de financiamento que permitam a acessibilidade real das pessoas”, argumentou o responsável da APCC, salientando que a “realidade dos números e onde é que eles estão” é uma medida “urgente”.

Sobre esse eventual reforço dos recursos humanos, Osvaldo Correia revelou desejar que “as pessoas que são de risco possam, no médico de família, fazer rastreios seletivos e que essas pessoas, que têm mais risco e em que há dúvidas, tenham privilégio, prioridade, linha verde para entrarem nos centos de dermatologia e não estarem ocupados com outras situações que não são tao prementes”.

Para isso será preciso criar um “fluxograma de prioridades”, só possível com a inclusão dos cancros no sistema de notificação obrigatória.

Mas nem todas as expetativas são positivas: também há alertas a fazer.

“São precisos mais profissionais nesta área nos serviços públicos e era importante que as autoridades criassem condições de formação, de especialização, para dotar as pessoas dos especialistas que permitirão melhor acuidade de diagnóstico, ou seja, mais assertivos para que o diagnóstico e tratamento sejam mais eficazes”, afirmou Osvaldo Correia.

“É preciso fazer mais, estamos preocupados com este aumento do cancro da pele. Agora nos fins de semana que se avizinham vamos ver as praias à hora de almoço”, reconheceu Francisco George.

Em destaque

Subir