Desporto

Sporting silencia Jorge Jesus para autorizar a saída

Jorge Jesus revelou que não pode comentar a saída do Sporting, uma vez que a rescisão contempla uma cláusula de confidencialidade. Essa cláusula não permite sequer ao novo treinador do Al-Hilal falar sobre o ex-presidente, Bruno de Carvalho.

A revelação foi feita pelo próprio Jorge Jesus, durante uma palestra sobre liderança, em Coimbra, onde o técnico se emocionou.

“Neste momento, tenho uma cláusula de confidencialidade na minha rescisão de contrato. Se fugir a essa cláusula posso ser penalizado”, justificou-se.

“Não me quero alongar, nem posso falar diretamente sobre o tema presidente do Sporting ou sobre aquilo que aconteceu no Sporting, nomeadamente nos últimos três meses”, reforçou.

Ainda assim, o treinador pronunciou-se indiretamente sobre as agressões em Alcochete.

“Ainda antes de ser treinador, sou ser humano. Os meus jogadores são a mesma coisa. O professor Manuel Sérgio ensinou-me que primeiro tenho que olhar para as pessoas e só depois para os jogadores”, salientou.

Sobre o clube do coração, Jorge Jesus deixou ainda uma promessa.

“Nem no Sporting, nem noutro clube os meus objetivos passam por gerir ou ser presidente. Isso está fora de questão. A minha paixão é o jogo, foi por isso que vim para a Arábia Saudita, queria continuar a trabalhar”.

Nesse encontro promovido pelo International Club of Portugal, subordinado ao tema `A Liderança na Multiculturalidade´, o técnico usou o exemplo de Slimani para explicar como se puxa pelo rendimento dos jogadores muçulmanos.

“Agora vou ter muitos muçulmanos”, adiantou o novo treinador do Al-Hilal, que recorreu ao argelino Islam Slimani, que orientou no Sporting, para mostrar como “um líder” consegue “tirar rendimento de um jogador muçulmano”.

Para esse exemplo, Jorge Jesus começou por traçar o perfil dos jogadores muçulmanos: “Fazem cinco rezas por dia e no mês do Ramadão só comem à noite”.

O técnico revelou que, quando Slimani fez “uma época espectacular” no Sporting, passou por momentos complicados que não vieram a conhecimento público.

“Ele só comia à noite, desmaiou três vezes”, adiantou Jorge Jesus.

Ainda assim, o avançado brilhou e provou o papel de “líder” de um treinador.

“Tenho de perceber o rendimento do jogador em função da religião. Foi provado pelo rendimento que ele teve que soubemos liderar muito bem este processo”, salientou o ex-técnico leonino.

Na intervenção, Jorge Jesus resumiu a liderança a um conceito.

“Mandar é fácil. Um líder tem que nascer com ADN. Só és líder se quem trabalha contigo te reconhece valor”.

Ainda na mesma palestra, o treinador lembrou que no início da carreira estagiou no basquetebol, desporto ao qual ‘roubou’ a ideia dos bloqueios.

“Eu trouxe coisas ao futebol mundial”, gabou-se: “As marcações à zona em situações específicas e os bloqueios. Agora, com o VAR, já é mais complicado” fazer bloqueios.

““Inspiro-me muito em modalidades que não têm nada a ver com o futebol. O grande desafio para o futuro dos treinadores é criar uma ideia de um sistema de jogo e depois mudar esse sistema, com todos os jogadores a terem capacidade para o interpretar”, realçou Jorge Jesus.

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