Um japonês vai receber uma indemnização de 281 mil euros por ter sido trocado à nascença, no hospital. Em vez de viver “com uma família de meios”, como aconteceu com ‘o outro’, “sofreu a pobreza” ao longo de 60 anos, justifica o advogado.

Um japonês de 60 anos ganhou, em tribunal, o direito a receber uma indemnização por ter sido trocado à nascença. A outra criança viveu com a família do idoso, o qual perdeu o ‘falso’ pai aos dois anos e viveu uma vida de pobreza. O homem apresentou uma queixa contra o hospital e ganhou: um tribunal de Tóquio determinou uma indemnização de 281 mil euros.

“Podia ter vivido com uma família de meios, mas sofreu a pobreza”, explicou o advogado. Na altura do nascimento, em 1953, o queixoso foi entregue no hospital a uma família pobre, enquanto os pais recebiam um outro bebé. Aos dois anos, o homem perdeu o ‘pai’. Cresceu e teve de estudar à noite enquanto trabalhava de dia numa fábrica: o outro bebé crescia também, mas numa família abastada e que o enviou para a universidade.

Porém, ‘o outro’ bebé trocado nunca foi bem aceite pelos irmãos, que desconfiaram da falta de semelhanças físicas. Os exames de ADN realizados em 2009 confirmaram que o verdadeiro irmão não era aquele: os bebés tinham sido trocados na maternidade, pelo que os quatro irmãos colocaram o hospital em tribunal.

“Gostava de poder recuar 60 anos no tempo”, desabafou o queixoso, numa entrevista à NHK em que apareceu de cara tapada e na qual deixou elogios à ‘mãe’ que o criou.

O hospital, que vai pagar ‘apenas’ 281 mil euros (os queixoso reclamavam uma indemnização de 1,85 milhões de euros), não comentou o caso.

De acordo com a imprensa nipónica, esta troca de bebés não terá sido um caso isolado: na década de 1950, o Japão assistiu a um forte aumento da natalidade.