Economia

IRS online é “escoar barragem por funil”, avisam contabilistas

O presidente da Associação Portuguesa de Contabilistas (APC) mostrou-se bastante desagradado com a falta de resposta do portal das Finanças. Entregar o IRS apenas pela via online é como “querer tirar a água toda da barragem de Castelo de Bode por um funil”.

Em entrevista à Renascença, Vítor Vicente acusou a tutela das Finanças de negligência, por obrigar os contribuintes a declararem o IRS apenas pela via online ao mesmo tempo que contribuintes e contabilistas dependem do mesmo portal para tudo o resto.

“Não se pode fazer praticamente nada na área fiscal neste País que não passe pelo portal”, sustentou.

Como exemplos, lembrou que os trabalhadores independentes têm de passar o recibo verde pelo Portal das Finanças, assim como os senhorios no caso das rendas.

Ao nível das empresas, as declarações de IRS e o pedido de declaração da ausência de dívidas também só podem ser feitas pela via online.

“Há centenas de milhares, senão milhões, de acessos ou tentativas nestes últimos dias e o portal não dá vazão”, frisou o contabilista.

No entender de Vítor Vicente, a situação foi agravada este ano com a corrida à entrega do IRS estimulada pelo Governo.

“Não se pode prometer a quatro milhões de pessoas, que são os agregados familiares que entregam o IRS, que vão receber o reembolso em 12 dias sem meter quantidade de servidores e largura de banda na internet”, sustentou.

Quem mais sofre com a falta de resposta online são “aqueles que estão todos os dias a trabalhar” no Portal das Finanças, os contabilistas.

“Ele vai funcionando, mas é como querer tirar a água toda da barragem de Castelo de Bode por um funil e por um gargalo de uma garrafa de um litro”, comparou o presidente da APC.

“Estamos todos a ficar em stress grave, porque não se está a conseguir fazer as tarefas profissionais”, concluiu.

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