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Higiene na prisão: Há roupas de cama há anos sem serem lavadas

prisao 210prisao carregueira “São deploráveis as condições de falta de higiene” na prisão da Carregueira, denunciam os guardas prisionais. Há relatos de roupas de cama que não são lavadas há dois anos, suspeitas de que um guarda terá adoecido devido à “porcaria” e guardas a dormir em sacos-cama.

O Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional denunciou, num trabalho hoje publicado pelo Jornal de Notícias, as “deploráveis as condições de falta de higiene” no Estabelecimento Prisional da Carregueira (EPC), também conhecido por ser ‘a prisão dos famosos’.

No recinto onde estão presos Vale e Azevedo, Isaltino Morais, Carlos Cruz e Carlos Silvino ‘Bibi’, entre outras figuras mediáticas, há cobertores, colchas e edredões de reclusos que não são lavados há pelo menos dois anos e as capas dos colchões dos guardas prisionais há pelo menos 12 anos, segundo os relatos apresentados pelo JN.

“Há uma série de situações que podem advir da falta de higiene de roupa que se utiliza nas camas”, como doenças infecciosas e pragas, avisou Mário Durval, da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública.

“Rotação de pessoas”

Citado pela Lusa, o especialista em saúde pública salientou ser “evidente que roupa de cama e outras roupas que estão em condições de prisão, com uma proximidade muito grande (nem sei se as próprias condições de ventilação são as melhores)”, facilitam a acumulação de micro-organismos e poeiras se não forem regularmente lavadas.

Dada a “utilização intensiva do espaço”, o “mais importante é uma higiene frequente desse tipo de roupas”, tanto mais que “nas cadeias há normalmente alguma rotação de pessoas”, reforçou Mário Durval: “espero que, pelo menos, mudem as roupas nos quartos em que os reclusos podem receber as companheiras”.

“Quando está a mesma pessoa a usar a mesma roupa, a frequência de lavagem dos cobertores deve ser idêntica à que se faz nas nossas casas de, pelo menos, uma vez por ano”, argumentou o especialista.

Sobre as denúncias das roupas de trabalho não serem lavadas há pelo menos dois meses, Mário Durval comentou que “que não faz sentido” que não exista, no mínimo, uma lavagem por semana.

Jorge Alves, presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, referiu ao JN que “são deploráveis as condições de falta de higiene no EPC”, acrescentando que “há até suspeitas de que um guarda tenha ficado doente precisamente por causa dessa falta de limpeza da roupa”.

“Ambiente de nojo”

Outras fontes, nem sempre identificadas, reforçam as denúncias de falta de higiene.

Comentando o “ambiente de porcaria e nojo” que existe na prisão, um guarda com mais de dez anos de serviço adiantou que “há guardas a dormir em sacos-cama”.

“Das quatro máquinas de lavar industriais existentes no EPC, só uma funcionava até há cerca de um mês (as outras estão avariadas há imenso tempo), altura em que uma fiscalização detetou elevados níveis de monóxido de carbono na lavandaria, o que levou ao seu encerramento”, salientou outra fonte.

A Lusa pediu esclarecimentos à Direção Geral dos Serviços Prisionais, não tendo recebido qualquer resposta até ao momento.

Segundo o Jornal de Notícias, “desde a inauguração da cadeia, em 2002, que os 180 guardas do EPC, Sintra, vivem com medo de apanhar alguma doença, dada a falta de higiene nas camas”.

“Os cobertores, colchas e edredões dos 740 reclusos também não são lavados há cerca de dois anos e a roupa de trabalho há dois meses”, complementa a notícia.

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