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Fukushima: Engenheiros já retiram combustível nuclear do reator número quatro

fukushima central210fukushima central bigComeçou hoje a retirada das placas de combustível de urânio e plutónio do reator número quatro da central nuclear de Fukushima. A operação tem tanto de complexa como de urgente: a piscina de arrefecimento encontra-se no topo de um edifício que continua a inclinar-se.

Teve hoje início uma das operações mais complexas e arriscadas do desmantelamento da central nuclear de Fukushima, no Japão: a retirada das mais de 1500 placas de combustível, nomeadamente urânio e plutónio, da piscina do reator número quatro. A complexidade da operação equivale à urgência da mesma: o reator, o único que não estava a trabalhar quando a central foi atingida pelo tsunami de março de 2011, continua a inclinar-se.

As barras de combustível vão ser retiradas da piscina de arrefecimento, que se encontra no topo de um edifício com 18 metros de altura. A remoção e transferência das placas de combustível são procedimentos considerados normais, mas a gravidade dos estragos provocados pelo tsunami torna esta operação complexa e arriscada, de acordo com os engenheiros nucleares japoneses.

Os danos provocados pelo tsunami agravaram o risco de queda do reator, que continua a inclinar-se para um dos lados. A função da piscina de arrefecimento é permitir as operações dentro de água para evitar o risco de sobreaquecimento, pelo que os engenheiros vão ter de esvaziar um contentor cilíndrico com 5,5 metros altura por dois de diâmetro, cheio com 1500 barras de combustível nuclear.

O urânio e o plutónio serão depois transferidos para um edifício, a cerca de 100 metros de distância, considerado mais seguro. A operação de retirada das placas de combustível decorre numa altura em que a operadora da central nuclear, a Tokyo Electric Power (TEPCO), tem sido fortemente criticada pelas constantes descargas de água contaminada com radioatividade para o mar.

A operação deverá prolongar-se ao longo de todo o próximo ano: só no final de 2014 é que o reator número quatro ficará sem combustível. Só com este trabalho encerrado é que os engenheiros poderão desmantelar os restantes reatores, só que nesses será impossível prever o tempo de operação. De acordo com alguns especialistas, os danos provocados pelo tsunami são tão graves que 40 anos poderão não ser suficientes para desmantelar a central sem provocar um novo desastre nuclear.

Em relação ao desastre de março de 2011, ainda há quem acuse a TEPCO de não “pedir desculpa” pelos danos causados. É o caso de Keigo Sakamoto, um agricultor de 58 anos que reside nas proximidades da central e que continua a recusar sair de Fukushima. “Tenho de proteger os meus animais”, alega.

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