Em Roma, a abrir a sessão anual do Conselho Executivo do Programa Alimentar Mundial (PAM), o Papa condenou o uso da fome “como arma de guerra”. “O alimento desperdiçado é como se fosse roubado à mesa do pobre”, condenou Francisco.
A intervenção do sumo pontífice não podia ser mais clara. “Alimentam-se as guerras, não as pessoas”, afirmou o Papa, alertando que há “casos” que se usa “a própria fome como arma de guerra”.
“Encontramo-nos assim perante um fenómeno estranho e paradoxal: enquanto as ajudas e os planos de desenvolvimento se veem obstaculizados por intrincadas e incompreensíveis decisões políticas, por tendenciosas visões ideológicas ou por insuperáveis barreiras alfandegárias, as armas não; não importa a sua origem, circulam com uma liberdade presunçosa e quase absoluta em muitas partes do mundo”, argumentou Francisco.
O Papa salientou também que as populações que sofrem com a guerra “veem travado todo o tipo de ajuda” e que, em pleno século XXI, se assiste “a uma ‘mercantilização’ dos alimentos”.
“O alimento desperdiçado é como se fosse roubado à mesa do pobre”, condenou.
Para Francisco, o trabalho do PAM “é um válido exemplo de como se pode trabalhar em todo o mundo para erradicar a fome através duma melhor atribuição dos recursos humanos e materiais, fortalecendo a comunidade local”.
“A humanidade joga o seu futuro na capacidade que tem de assumir a fome e a sede dos seus irmãos”, sublinhou o Papa, que apelou diretamente aos colaboradores do PAM: “Ouvir o grito do pobre permitir-vos-á que não vos fecheis em frios formulários. Tudo é pouco para derrotar um fenómeno assim terrível como a fome”.
Fundado em 1961, o Programa Alimentar Mundial é a maior organização de ajuda humanitária que luta contra a fome em todo o mundo, ajudando cerca de 80 milhões de pessoas.