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FAO investe 3,9 milhões de euros em São Tomé para combater mudanças climáticas

A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) vai investir cerca de 3,97 milhões de euros em São Tomé e Príncipe para combater as mudanças climáticas, disse hoje à Lusa um responsável da FAO.

O investimento de 4,6 milhões de dólares (cerca de 3,97 milhões de euros) integra um projeto da FAO que, ao longo de cinco anos, prevê investir 54 milhões de dólares (cerca de 46,6 milhões de euros) em dez países.

Para além de São Tomé e Príncipe, o projeto será executado na Guiné-Bissau, Camarões, China, Myanmar (ex-Birmânia), Paquistão, Quénia, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Tanzânia.

Em declarações à Lusa, o coordenador sub-regional para a África Central da FAO, Hélder Muteia, destacou o principal objetivo da iniciativa no país.

“O principal objetivo desta iniciativa é promover a restauração e gestão sustentável dos ecossistemas florestais de São Tomé e Príncipe para reduzir as emissões de carbono provenientes da deflorestação e reverter a degradação da floresta e do solo”, disse, acrescentando: “o enfoque aqui é combater as mudanças climáticas”.

O representante está confiante com a iniciativa.

“Estamos convencidos que vamos mitigar os efeitos das mudanças climáticas”, afirmou.

De acordo com Muteia, este valor vai permitir avançar com várias medidas que divide em quatro componentes: desenvolvimento e integração de políticas; execução de programas de reflorestação; financiamento de instituições e partilha de conhecimentos e parcerias.

Para Muteia, antigo ministro da Agricultura e do Desenvolvimento Rural de Moçambique, é fundamental desenvolver diretrizes porque “sem um conjunto de políticas orientadas para salvaguardar a paz e os recursos naturais, não será possível avançar de forma duradoura e sustentável”.

Muteia, que também representa a FAO no Gabão e em São Tomé e Príncipe, considera que após o desenvolvimento de políticas, poderá ser possível o desenvolvimento de atividades de replantio com perspetivas paisagísticas.

“Um dos objetivos é que tudo o que for introduzido com a mudança seja duradouro e sustentável e ajude as pessoas a integrarem-se na economia”, indicou.

O responsável salientou o potencial turístico deste ponto.

“Uma boa paisagem vai atrair turistas e permitir desenvolver atividades a nível de geração de rendimento para as comunidades locais”.

A terceira componente avançada por Muteia pretende o investimento em pequenas instituições e iniciativas de modo a “envolver todas que trabalham a nível de preservação da natureza”.

Por fim, Hélder Muteia apontou a partilha de conhecimentos e parcerias como um dos eixos do investimento.

“Teremos campanhas de informação, de comunicação e diálogo com atores a nível do campo e vamos convidar especialistas para falarem e darem o seu ponto de vista. Vamos formar pessoas localmente a todos os níveis”, referiu.

Os vários países vão partilhar, entre si, recursos e conhecimentos, algo que, na presença de um outro país de língua portuguesa, pode ser uma mais-valia.

“Isso permite, do ponto de vista da partilha de conhecimento, a utilização da mesma língua facilita uma boa comunicação entre os dois países”, acrescentando que “são dois países que têm histórias comuns, há praticas culturais e valores que estão enraizados nos dois países que são similares. Do ponto de vista da sustentabilidade social de algumas iniciativas, haverá uma colaboração entre os atores porque a comunicação será muito mais facilitada.

Para além dos dez países abrangidos pelo investimento, outras instituições partilharão recursos e conhecimentos.

“Só a nível da implementação deste grande programa, são três organizações que estão envolvidas, primeiro a FAO, depois o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP, na sigla em inglês) e a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), mas também outras organizações como o Banco Mundial, a Associação Internacional de Desenvolvimento (AID), o Banco Europeu de Investimento (BEI) e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA)”, apontou.

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