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Ex-campeão nacional Joaquim Moutinho morre aos 67 anos

Joaquim Moutinho, antigo vencedor do Rali de Portugal e Bicampeão nacional de disciplina e campeão nacional de velocidade, morreu aos 67 anos, vítima de doença prolongada.

Empresário de sucesso depois da carreira como piloto, o portuense celebrizou-se aos comandos do Renault 5 Turbo com o qual, e juntamente com outro portuense, o seu navegador Edgar Fortes, foi campeão nacional de ralis em 1985 e 1986.

Campeão também na velocidade, com um título conseguido aos comandos de um Porsche, Moutinho deixa o automobilismo nacional de luto, uma grande saudade e a memória de ter sido o primeiro piloto português a vencer uma prova do Campeonato do Mundo de Ralis.

A carreira de piloto remonta ao começo da década de 1970, depois de ficar com o ‘bichinho’ dos automóveis aos sete anos, quando foi surpreendido a manobrar o carro da mãe. Dois anos depois receberia um kart como prémio por concluir a escola primária, e foi no Circuito de São Caetano, em Vila Nova de Gaia, onde começou a explorar o seu talento.

Foi aos 20 anos que Joaquim Moutinho se iniciou no automobilismo, ao volante de um Datsun 1200, terminando na quarta posição o seu primeiro rali. Nessa prova Edgar Fortes gritou-lhe palavras que nunca mais conseguiu esquecer: “Ou consegues ir atrás dele ou não consegues e vamos para casa”.

O resto é história, pois o portuense começou a colecionar sucessos, quer no competitivo Troféu Datsun 1200 (1972), quer no Campeonato Nacional de Velocidade, onde garantiu o título de 1981 aos comandos de um Porsche Aurora de Grupo 5.

Viria depois o apogeu, com a sua carreira nos ralis com a equipa oficial da Renault e o inesquecível R5 Turbo de motor central. Uma máquina brutal da era Grupo B com a qual foi convidado a “atacar” o título no Campeonato Nacional de Ralis em 1984 (o modelo tinha sido desenvolvido fundamentalmente para pisos de asfalto).

Não foi preciso esperar muito para que o binómio Joaquim Moutinho/Renault 5 Turbo se começasse a afirmar, contabilizando, no primeiro ano, seis vitórias e só não registando o título absoluto devido a uma manobra de sabotagem vivida na última prova da época, o Rali Lois Algarve.

Nos dois anos seguintes, em 1985 e 1986, sempre na companhia do navegador Edgar Fortes e cada vez mais familiarizado com o ‘amarelinho’da Renault, o portuense assegurou o bicampeonato, somando mais nove triunfos na sua contabilidade pessoal e elevando para um total de 16 vitórias, o número de sucessos pessoais e do Renault 5 Turbo no Campeonato Nacional de Ralis, soma que, ainda hoje merece o respeito de todos os apaixonados pela modalidade.

A ‘cereja no topo do bolo’ veio a 8 de março de 1986, quando Joaquim se tornou o primeiro português a vencer uma prova do Campeonato do Mundo de Ralis, num triunfo com sabor agridoce. É que a vitória surgiu apenas depois do fatídico acidente da Lagoa Azul, que motivou o abandono das principais equipas de fábrica.

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