A força da moeda única está a preocupar o principal responsável pela moeda única: Mario Draghi, o presidente do BCE. Ao atingir o valor mais elevado desde 2011, o euro pode prejudicar as exportações europeias, com reflexos no crescimento da economia da zona euro.
O euro está em alta, literalmente. A moeda única tem recuperado a força que perdera com a crise das dívidas soberanas e atingiu esta semana o valor mais alto desde 2011, depois de ter ganho 6,7 por cento ao longo de 2013.
Com um euro a valer os 1,39 dólares, as atenções viram-se para o comportamento do órgão que gere a moeda única, o Banco Central Europeu. Quanto mais vale a moeda, mais caras ficam as exportações da zona euro para os países com outras moedas.
“A taxa de câmbio é extremamente relevante para a nossa avaliação da estabilidade de preços”, recordou ontem o presidente do BCE, Mario Draghi.
“Evoluções frágeis”
As afirmações do economista italiano foram proferidas no dia em que o BCE divulgou o boletim económico de março, o qual destaca a manutenção das taxas de juro na zona euro nos 0,25 por cento.
“A nova informação disponível confirma que a moderada recuperação da economia da zona euro continua a avançar”, informou o BCE, no boletim, acrescentando que, “em consonância com este panorama, a evolução monetária e a do crédito continuam a ser frágeis”.
Foram essas fragilidades que Mario Draghi abordou nas entrelinhas do discurso: quanto mais forte fica o euro, mais abranda o ritmo de uma recuperação ainda “moderada”.
Novo corte nos juros?
Daniel Brehon, analista do Deutsche Bank, resumiu a posição do economista italiano: “o BCE está mais sensível ao vigor do euro do que era consenso no mercado”.
“A única coisa que Draghi não disse é que o euro está brutalmente alto”, acrescentou Steven Englander, analista cambial do Citigroup: “têm existido cada vez mais comentários de responsáveis do BCE que expressam a preocupação com a força da moeda”.
Geoffrey Yu, analista da UBS, aponta para um eventual novo corte nas taxas de juro de referência já em abril: “quando os decisores começarem a acreditar que o euro está demasiado alto, com consequências materiais para a evolução da economia e do valor dos activos, então eles vão agir”.