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Estudo revela aumento do uso de canábis e consumos intensivos de álcool pelos jovens

Um estudo sobre comportamentos aditivos aos 18 anos revelou um aumento do uso de substâncias ilícitas, principalmente canábis, e dos “consumos intensivos” de bebidas alcoólicas pelos jovens, entre 2015 e 2018.

Metade dos jovens inquiridos (51,9 por cento) no estudo do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) disse já ter bebido de “forma intensiva” pelo menos numa ocasião no último ano, contra 47,5 por cento em 2015, e 33,9 por cento relatou ter ficado com uma “embriaguez severa” (29,8 por cento em 2015).

“Parece delinear-se uma tendência de incremento do consumo binge [operacionalizado como cinco ou mais bebidas numa ocasião para as raparigas e seis ou mais bebidas para os rapazes] e da embriaguez severa entre os jovens de 18 anos”, refere o inquérito realizado do “Dia da Defesa Nacional 2018”.

Este crescimento “sucede tanto entre rapazes como entre raparigas, mas de forma mais acentuada nas raparigas”, salienta o SICAD, adiantando que estes consumos “mais intensivos tendem a ser pontuais no ano, predominando frequências de consumo inferiores a seis ocasiões”.

Contudo, entre os consumidores recentes de bebidas alcoólicas, cerca de 21 por cento mencionam o consumo binge em 10 ou mais ocasiões no ano e 8 por cento referem ter-se embriagado severamente com esta frequência.

Quanto à perceção de terem ficado alterados na sequência do consumo de álcool, 64 por cento dos jovens consideraram que ficaram pelo menos uma vez “alegres” (embriaguez ligeira) e cerca de um terço ficou severamente intoxicado (embriaguez severa).

Outras conclusões do estudo, hoje divulgado, apontam que 89 por cento já consumiram bebidas alcoólicas pelo menos uma vez na vida, 60 por cento já experimentaram tabaco, 36 por cento substâncias ilícitas e 7 por cento tranquilizantes/sedativos sem receita médica.

A “maior discrepância” nos consumos entre raparigas e rapazes é observada nas substâncias ilícitas, com 22,1 por cento e 33,8 por cento respetivamente, revela o inquérito realizado anualmente desde 2015 junto dos jovens de 18 anos participantes no Dia da Defesa Nacional e que visa perceber os seus comportamentos aditivos e a respetiva evolução.

As prevalências de consumo de tabaco, bebidas alcoólicas e tranquilizantes sem receita médica têm-se mantido estáveis entre 2015 e 2018, mas “parece haver uma tendência de claro incremento da prevalência de consumo de substâncias ilícitas”, devido praticamente à canábis, principal substância ilícita consumida em Portugal.

Segundo o estudo, apenas 1 por cento dos jovens referiram consumos recentes exclusivos de outras substâncias ilícitas.

Os dados mostram um aumento gradual do consumo recente de canábis pelos jovens, que se situava nos 22,6 por cento em 2015, um valor que subiu para 23,8 por cento no ano seguinte, para 25,3 por cento em 2017 e para 26,7 por cento no ano passado.

A seguir à canábis, as substâncias ilícitas mais mencionadas foram as anfetaminas/metanfetaminas (5,2 por cento), incluindo o ecstasy, a cocaína (3,3 por cento), alucinogénios (3 por cento), as Novas Substâncias Psicoativas (2,5 por cento) e a heroína e outros opiáceos (1,7 por cento).

Das Novas Substâncias Psicoativas (NSP) faz parte o consumo de canabinóides sintéticos (1,9 por cento), catinonas sintéticas (1,5 por cento) e plantas ou outras NSP (1,8 por cento), refere o estudo, observando que cerca de metade dos consumidores recentes de NSP reportou ter consumido estes três tipos de substâncias.

Independentemente da substância, os rapazes inquiridos consomem sempre com mais frequência do que as raparigas, sendo esta diferença “menos expressiva” no consumo de tabaco.

Cerca de 20 por cento dos jovens associaram o consumo de diferentes substâncias psicoativas, sobretudo álcool e canábis.

O estudo revela um “ligeiro incremento” da experiência de problemas com o consumo de bebidas alcoólicas (18,5 por cento em 2015, 21,1 por cento em 2018) e de substâncias ilícitas (9,2 por cento/9,4 por cento), tendo sido as situações de mal-estar emocional e as relações sexuais desprotegidas as mais mencionadas.

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