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Envelhecimento: estudo demonstra como melhorar a qualidade de vida

envelhecimentoEnvelhecer é uma arte, mas também dá trabalho. Um estudo liderado por um português da Universidade de Newcastle veio demonstrar que é possível abrandar o desgaste das extremidades dos cromossomas e, em consequência, melhorar a qualidade de vida nos ‘anos dourados’.

Uma equipa de investigadores da Universidade de Newcastle (Inglaterra), liderada pelo português João Passos, aprofundou os meandros do processo do envelhecimento, procurando saber como funciona a ‘acumulação de idade’. Os resultados, resumidos num artigo publicado na revista Nature Communications, revelaram que o envelhecimento depende dos cromossomas, cujas extremidades vão ficando mais curtas. Não é possível corrigir tal processo, mas com as medidas corretas pode-se abrandar o ritmo desse desgaste.

“Sabemos que o stress, mesmo o psicológico, pode levar a uma aceleração do encurtamento dos telómeros e fazer com que haja envelhecimento acelerado”, adiantou o investigador português, salientando a importância de ter uma vida calma e saudável, bem como a necessidade de efetuar uma alimentação correta e de praticar exercício físico com regularidade: “se melhorar as condições de vida, se tiver uma vida saudável, é possível prevenir encurtamento e danos nos telómeros e isso contribui para um melhor envelhecimento, para um envelhecimento com mais saúde”.

Ao longo da vida, as células do corpo humano vão dividindo-se para substituir as desgastadas ou danificadas, copiando o material genético para a geração de célulgas seguinte. Contudo, estudos clínicos já demonstraram que os telómeros vão ficando mais reduzidos e, quando atingem um comprimento mínimo, impedem as células de se dividir. “Aquilo que o nosso estudo mostra é que, contrariamente ao que se pensava anteriormente, não é o encurtamento dos telómoros, por si só, que leva ao envelhecimento, mas existe algo especial acerca dos telómeros que faz com que não consigam ser reparáveis quando danificados”, justificou João Passos.

Esta investigação veio comprovar que o estudo do processo de envelhecimento não pode ser dissociado das investigações sobre as patologias inerentes à idade, tais como o Alzheimer, o Parkinson ou a diabetes. Como o encurtamento dos telómeros se verifica nessas patologias, urge descobrir uma terapia que permita ‘substituir’ as células que, não se dividindo, perdem a capacidade de regeneração. “Ainda é bastante complicado”, admitiu o investigador português.

Dadas as grandes evoluções nos campos científicos desde o final da II Guerra Mundial, a esperança média de vida tem vindo a subir em todo o mundo, a nível geral. No chamado ‘mundo ocidental’, o envelhecimento é um facto incontornável e que captado uma atenção cada vez maior por parte dos investigadores. “Grande parte da população tem mais de 65 anos”, lembrou João Passos: “nunca na história da Humanidade estivemos perante uma situação igual, o que traz imensos problemas do ponto de vista económico e social”.

Como se vive mais tempo e cada vez mais aumenta a população idosa, torna-se imperioso “melhorar a vida das pessoas mais idosas e tentar fazer com que estejam ativas o mais tempo possível”. Daí que várias entidades se associem a estudos da importância deste conduzido pela equipa do cientista português, que teve contribuições de Francisco Marques, também da Universidade de Newcastle, e de Clara Correia-Melo, do Programa Doutoral GABBA da Universidade do Porto.

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