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El Salvador elege hoje novo PR entre a violência dos bandos armados e a pobreza

Perto de 5,2 milhões de salvadorenhos estão registados para eleger hoje os próximos Presidente e vice-Presidente do país da América Central, entalado entre a violência do crime organizado e a pobreza que atinge a maioria da população.

A próxima dupla presidencial deverá iniciar o mandato em 01 de junho até 31 de maio de 2024, com as sondagens a fornecerem vantagem a Nayib Bukele, antigo responsável pelo município da capital, que tentará travar o contínuo êxodo da população em busca de uma vida melhor, num país onde diversos antigos presidentes são acusados de corrupção.

Segundo as sondagens, os salvadorenhos vão decidir entre o antigo presidente da Câmara municipal de San Salvador, 37 anos, apoiado pelo partido conservador Grande Aliança para a Unidade Nacional (Gana) e o milionário empresário de supermercados Carlos Calleja, 42 anos, apresentado pelo partido de direita Aliança Republicana Nacionalista (Arena).

O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Hugo Martínez, candidato do partido de esquerda Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN), do presidente cessante Salvador Sánchez Cerén, surge nas sondagens em terceiro lugar, após uma década no poder da antiga guerrilha da FMLN.

O candidato de esquerda aguarda, no entanto, uma “remontada” durante a votação, devido à promessa em prosseguir os programas sociais dirigidos aos mais pobres, para além de ter denunciado uma “campanha suja” contra a sua candidatura por ‘media’ digitais.

Caso nenhum dos candidatos obtenha hoje a maioria dos sufrágios será organizada uma segunda volta em 10 de março entre os dois mais votados. No entanto, os institutos de sondagens consideram esta hipótese pouco provável.

A segurança no escrutínio será assegurada por 23.000 polícias e cerca de 15.000 soldados, mobilizados durante o final da semana, num país também sistematicamente exposto a violentos fenómenos naturais.

Segundo as sondagens, os eleitores colocam a violência mortífera dos bandos criminais no topo das preocupações, seguidas da situação económica e o desemprego.

Em 2018 registaram-se 3.340 mortes violentas (51 por 100.000 habitantes), que coloca El Salvador, apesar de uma redução em 15 por cento dos homicídios face ao 2017, entre os países mais violentos do mundo fora das zonas de guerra.

Segundo as autoridades, a maioria destas mortes são provocadas pelos bandos criminosos que agrupam 70.000 membros, dos quais 17.000 estão detidos.

A economia, onde predomina o dólar como moeda corrente, registou em 2017 o maior crescimento dos últimos cinco anos (2,6 por cento), mas insuficiente para compensar o crescimento da população ativa e revalorizar os salários, quando 30,3 por cento dos 6,6 milhões de salvadorenhos vivem abaixo do limiar da pobreza.

O salário mínimo mensal ronda os 300 dólares (261 euros), que apenas garante algumas necessidades básicas. Confrontados com a miséria e o terror dos bandos armados, com ligações ao narcotráfico e à imigração clandestina, mais de 3.000 salvadorenhos optaram por integrar as “caravanas” que seguiram por estrada em direção ao “sonho americano”, mas que para a larga maioria não se concretizou.

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