A duopolização é o maior perigo para o mercado de telecomunicações fixo. O alerta parte do presidente da Vodafone, António Coimbra, para quem a posição dominante da PT tem conseguido levantar as barreiras necessárias para impedir a entrada em vigor das medidas negociadas com a troika.

O mercado das telecomunicações fixo está cada vez mais perto de ter apenas dois operadores, a PT e a Zon, pois os operadores que não tiverem um serviço móvel estão condenados à extinção. O alerta partiu do presidente da Vodafone, que ontem esteve presente num debate promovido pela Associação Portuguesa para a Defesa das Comunicações.

“Estamos claramente a caminhar para um duopólio no mercado do fixo. Muitos já abandonaram o mercado”, avisou António Coimbra, exemplificando com o desaparecimento de ofertas no serviço de ADSL, como aconteceu com a Sonaecom e com a própria Vodafone: “deixámos de vender ADSL, exceto em determinadas circunstâncias muito específicas”.

Os operadores de menor dimensão e que não possam recorrer ao serviço móvel estão numa situação pior, em que “a dificuldade em sobreviver é grande”, tanto mais que as medidas acordadas com a troika (no âmbito do programa de resgate) para a maior competitividade no mercado fixo ainda mal saíram do papel. Para António Coimbra, é fundamental que a PT abra a rede de fibra ótica, renegociando o contrato de concessão, e abrindo um concurso para defini um fornecedor de serviço universal.

“O país tem de decidir se o duopólio é um bom modelo de concorrência no fixo. Se não é, temos de fazer qualquer coisa para haver mais operadores a concorrer”, defendeu o executivo da Vodafone, acrescentando estranhar que a Anacom tenha permitido que 17 municípios, que constituem 84 por cento da rede de fibra ótica, estejam ausentes da regulação, sobretudo depois da mesma entidade ter obrigado os operadores de 4G a abrir a rede móvel em todo o país.

Esta decisão, sustentou, “não beneficia os consumidores nem o mercado, mas apenas os operadores estabelecidos”, a PT e a Zon.