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Descer impostos é uma ideia “estúpida” e “perigosíssima”, diz Silva Lopes

silva lopesSilva Lopes discorda da ideia “estúpida” e “perigosíssima” de baixar os impostos, a qual será “um bico de obra” para o PS. “Tem de explicar que um milhão de euros tirado em impostos é um milhão de euros que se tira em despesa”, argumenta o antigo ministro das Finanças.

Silva Lopes, antigo ministro das Finanças, foi às jornadas parlamentares do PS (na Nazaré) criticar a proposta “estúpida”, “perigosíssima” e de “uma irresponsabilidade total” de baixar os impostos.

“Temos esta coisa absolutamente estúpida de encarar baixas de impostos. O PS vai ter aqui um bico de obra”, avisou o economista, numa alusão à pressão “disparatada” do PSD e do CDS para uma descida da carga fiscal.

“O PS tem de explicar que um milhão de euros tirado em impostos é um milhão de euros que se tira em despesa. Já fiquei desiludido quando o PS aceitou baixar o IRC, porque essa redução só será boa para os indivíduos que têm ações em empresas grandes e sem concorrência. É falsa a ideia que a descida do IRC será boa para o crescimento económico”, explicou.

Perante os deputados socialistas, Silva Lopes analisou as estimativas “medonhas” da economia portuguesa para o período pós-troika: “fala-se muito na saída limpa e vamos ter uma saída limpa porque não temos outro remédio. Vamos continuar a pagar taxas dois pontos percentuais acima da Irlanda, na ordem dos cinco por cento a dez anos”.

“Portanto, isto vai ser um desastre”, antecipou o antigo ministro: “chegará o dia em que teremos de fazer a reestruturação da dívida, mas não é altura de levantar o problema”.

“Se fosse político do PS, interiorizava este problema, mas não o proclamava ao público para não piorar ainda mais a situação nos mercados internacionais”, aconselhou.

As críticas de Silva Lopes tiveram vários destinatários, como aconteceu com a EDP: “o setor não transacionável faz o que lhe apetece. A EDP, por exemplo, sente-se no direito de aumentar os preços mesmo quando o consumo cai. Mas que raio de economia é esta?”

Nem o próprio PS, reunido nas jornadas parlamentares, escapou ao rol de críticas do antigo ministro das Finanças, que arrasou a dívida gerada durante os governos de José Sócrates. “Uma coisa é a racionalidade económica”, acrescentou, “e outra coisa são os grupos de interesse. Pessoalmente, não sou nada otimista em relação aos interesses, nem mesmo com o PS no Governo”.

“Considero que é preciso manter o Estádio de Leiria intacto, mantê-lo tal como está, como um monumento à estupidez nacional”, exemplificou o economista.

Só a banca escapou aos comentários negativos de Silva Lopes, mas por um motivo que o próprio revelou: “já basta de desgraças”.

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