Rui Nunes, presidente da Associação Portuguesa de Bioética e candidato à liderança da Ordem dos Médicos no Norte, lamentou as declarações “graves” do colega António Pereira Coelho sobre a eutanásia. “Geraram uma enorme confusão junto da população”, argumentou.
Em causa está a recente declaração de António Pereira Coelho a assumir, sem ser sob anonimato, conhecer casos de eutanásia praticados em hospitais públicos.
Ao referir-se à “eutanásia” do próprio pai, o médico ‘embrulhou-se’ numa confusão de termos técnicos, uma vez que descreveu um ato de distanásia, a recusa de tratamento para prolongar artificialmente a vida em pacientes em estado terminal.
Só que as declarações de Pereira Coelho avivaram o debate público sobre a eutanásia, levando Rui Nunes, o presidente da Associação Portuguesa de Bioética que se vai candidatar à presidência da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos, a vir a terreno marcar posição.
Para Rui Nunes, as declarações de Pereira Coelho foram “particularmente graves” e “geraram uma enorme confusão junto da população por se confundir eutanásia” com outras práticas, “como a suspensão ou abstenção de tratamentos fúteis e desproporcionados”, exemplificou.
A eutanásia, recorde-se, é o ato em que alguém ajuda um doente terminal, a pedido expresso deste, a pôr termo à vida quando o próprio doente não está em condições físicas para o fazer. Daí que a eutanásia também seja conhecida como suicídio assistido.
“Se alguém presenciou casos de verdadeira eutanásia tem a estrita obrigação ética de os denunciar às autoridades competentes, nomeadamente à Ordem dos Médicos”, insistiu Rui Nunes, acrescentando que “estas e outras denúncias reforçam a necessidade da Ordem dos Médicos estabelecer normas de orientação claras e consistentes a propósito da morte medicamente assistida”.