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Daniel Oliveira recusa ser “o cão traidor” e responde que Louçã “pensa como Cavaco”

francisco louca A troca de acusações entre Daniel Oliveira e Francisco Louçã tem subido de tom. Sem citar nomes, o ex-coordenador acusou o antigo dissidente de falta de “maturidade democrática”. Em resposta, Oliveira recusou ser “o cão traidor” e acusou Louçã de “mudar de opinião”.

Francisco Louçã e Daniel Oliveira, dois fundadores do Bloco de Esquerda, retomaram esta semana a polémica que nasceu ainda antes de Oliveira abandonar o partido por não se rever na liderança de Louçã.

Desta vez, a troca de acusações começou com a recente saída de Ana Drago, que coincidiu com um texto do jornalista, no Expresso, a defender que a esquerda em Portugal precisa de um novo “sujeito político”, alguém que “seja duro de roer, mas saiba chegar a compromissos”.

Daniel Oliveira não referiu nomes, mas Louçã sentiu-se visado e respondeu com uma crítica nas entrelinhas, quando comentava a saída de Ana Drago da Assembleia Municipal de Lisboa (fora eleita pelo BE): “alguém que abandona um partido, para criar outro, só poderia ficar com esse mandato se quisesse desrespeitar os eleitores. Esta escolha prova maturidade democrática (e uma bofetada de luva branca a quem procede ao contrário, em benefício da sua carreira)”.

Uma referência ambígua com dois destinatários: Rui Tavares, o ex-eurodeputado bloquista que saiu para fundar o Livre, e Daniel Oliveira, a quem Louçã deixou subentendida a acusação de, tal como Ana Drago, mudarem de posição “a uma velocidade alucinante” sobre o Tratado Orçamental Europeu apenas para fomentar a aproximação ao PS.

“Acontecem coisas extraordinárias”, reagiu Oliveira: “uma delas é cobrarem-me coerência sobre a minha posição em relação ao euro. Veja-se bem, estou disposto a entender-me com quem tenha posições diferentes da minha porque considero que a política exige compromissos”.

Na mesma resposta, o jornalista ironizou com a imagem utilizada por Louçã para ilustrar o artigo, retirada do livro ‘Os Cinco na Ilha do Tesouro’, de Enid Blyton: “Serei eu o cão traidor?”

Daniel Oliveira, no artigo ‘O que Louçã diz de Louçã’, acusou ainda o antigo camarada de ter uma “fixação na minha pessoa (e no Rui Tavares)” e de mudar de opinião, exemplificando: “como soubemos de um dia para o outro, mudou de opinião. Antes das europeias e durante a participação na campanha do Bloco era contra a saída do euro; depois das europeias é a favor da saída do euro”.

“Na verdade, Louçã pensa como Cavaco: pessoas inteligentes perante a mesma informação só podem chegar à mesma conclusão. Se não o fazem é porque ou são intelectualmente limitadas ou estão a ser desonestas”, reforçou.

Críticas que, para o antigo coordenador bloquista, se devem ao interesse do jornalista num “lugar de secretário de Estado” quando o PS chegar ao Governo.

“Todos evoluímos e mudamos de posição quando a vida tanto nos ensina. Há no entanto uma diferença entre mudar de opinião por convicção ou por conveniência. Há uma diferença entre procurar soluções para Portugal e procurar soluções para si próprio”, escreveu Louçã, no Facebook.

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