“A perder 50 a zero”, Quinito regressou por minutos ao futebol. Ao ser homenageado pela Associação Nacional de Treinadores de Futebol, o ‘Quinas’ falou a morte do filho, em 2011: “O futebol saiu-me caro. Tenho um sentimento de culpa, não víamos crescer os filhos”.

Num gesto inédito, os treinadores de futebol uniram-se no Fórum Luísa Todi, em Setúbal, para dar força a Quinito, o carismático técnico que deixou o futebol quando perdeu o filho, em 2011.

Rodeado por amigos, ‘Quinas’ abriu a alma e falou sobre “a culpa” que sente, a herança com que ficou da profissão. “O futebol saiu-me caro”, explicou.

“Não está fácil”, começou: “É difícil. Passo por uma situação complicada. Um sentimento de culpa, nós, os que andámos no futebol tantos anos, vivíamos o futebol 24 horas, estávamos fora de casa, longe de casa, não víamos crescer os filhos. Eu não vi crescer os meus”.

“Não ouvi pela primeira vez o meu filho a dizer ‘pai’. Não o vi pela primeira vez a aprender a nadar. Não vi pela primeira vez a aprender a andar de bicicleta. Não o abraçava todos os dias, passavam-se meses que não o abraçava. E ele não está cá, foi-se embora. Não foi fácil, é difícil ter um filho e não o conhecer. Por culpa do futebol”, afirmou Quinito.

“Não ouvi o meu filho dizer pai pela primeira vez, não vi o meu filho aprender a andar de bicicleta, não o abraçava todos os dias, passavam-se meses que não o abraçava e ele agora não está cá. A culpa é do futebol, há um certo divórcio”, afirmou: “Portanto, há um certo divórcio, sinto uma certa culpa de ter trocado o futebol por ter conhecido o meu filho. Na verdade, não o conheci”.

Deixando os colegas emocionados, ‘Quinas’ agradeceu “aos amigos” que o tentam ajudar a ultrapassar a dor: “Não esperava uma coisa destas. Isto vai dar-me força para tentar tirar um pouco a culpa que tenho dentro de mim, de ter tido um filho que era… um menino maravilhoso e que na realidade eu não o conheci”.

“O futebol saiu-me caro”, admitiu Quinito: “Estou a tentar com toda a força sair desta situação, limpar este sentimento de culpa e chutar a bola para a frente. Nesta altura, estou a perder 50 a zero. Não valeu de nada o que ganhei, o que perdi, o que empatei quando no fim sofro uma derrota por 50 a zero. Vou tentar tirar dessa derrota alguma situação para tentar ir a prolongamento ou penáltis”.

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