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Crimeia: estaremos perante o início da III Guerra Mundial?

Crimea

Como a situação ainda não estava suficientemente complicada na Ucrânia, a Rússia decidiu dar uma “ajuda” e neste momento a III Guerra Mundial pode estar prestes a começar.

Depois de Yanukovych ter sido, finalmente, deposto, todos pensavam que a situação caminharia lentamente para a normalidade. E assim seria, não tivesse Putin aparecido em cena. Sendo certo que a cada hora que passa surgem novas informações que podem mudar definitivamente o rumo dos acontecimentos a crónica desta semana pretende explicar a vertente histórica em redor da Crimeia (e que em certa medida explica a actual situação).

Antes de mais pergunta o caro leitor: “Mas não houve já uma guerra na Crimeia?” Houve sim senhor! E fico bastante agradado com os conhecimentos que possui sobre a história europeia. A Guerra da Crimeia aconteceu entre 1853 e 1856 e ficou conhecida por “Cerco de Sevastopol”. A guerra foi uma consequência de ambições imperiais rivais: a Grã-Bretanha e a França suspeitavam das acções da Rússia nos Balcãs e enviaram os respectivos exércitos para aCrimeia. Resultado? Crimeia “recuperada” e uma derrota para a Rússia.

Tentemos agora perceber a razão de toda esta disputa. A Crimeia é maioritariamente pró- russa, ou seja, pode derivar em separatismo a qualquer momento. A região – uma península na costa do Mar Negro da Ucrânia – tem 2,3 milhões de habitantes, sedo que a maioria identifica-se como russos, falando inclusivamente russo. A região votou fortemente em Viktor Yanukovych nas Eleições Presidenciais de 2010, e a maioria das pessoas acredita que ele foi apenas uma vítima de um golpe de Estado.

{loadposition inline}A Rússia tem sido o poder dominante na Crimeia na maior parte dos últimos 200 anos, desde que anexou a região em 1783. No entanto, ela foi transferida por Moscovo para a Ucrânia – então parte da União Soviética – em 1954. Uma outra minoria significativa, os tártaros muçulmanos, apontam que eles eram a maioria na Ucrânia, tendo sido deportados em grande número pelo líder soviético Estaline, em 1944, por suposta colaboração com os invasores nazis na Segunda Guerra Mundial.

Os ucranianos compunham 24% da população na Crimeia de acordo com os censos de 2001, em comparação com 58% de russos e 12% de tártaros. Nota para o facto de os últimos dados disponíveis serem, segundo as instituições internacionais, do “distante” ano de 2001. O normal era os dados pertencerem a 2011 contudo, por razões até agora desconhecidas ,tal não se verifica.

Ultrapassado o colapso da União Soviética em 1991 os tártaros começaram a regressar à Crimeia aos poucos, originando crescentes tensões com os russos que reclamam aquele território como sendo seu por direito.

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A verdade é que a Rússia tem uma grande base naval na cidade de Sevastopol (podem ver com detalhe a localização da cidade no primeiro mapa do artigo), onde a sua frota do Mar Negro se situa. Sob os termos do contrato de arrendamento actualmente em vigor, qualquer movimento de tropas russas fora da base naval tem de ser autorizado pelo governo ucraniano.

No entanto como devem imaginar, na situação actual, as regras mudaram um pouco…

Vladimir Putin obteve aprovação parlamentar para implementar tropas não apenas na Crimeia, mas em toda Ucrânia! Moscovo, que se refere às novas autoridades de Kiev como fascistas, poderia enviar tropas para “proteger todos aqueles que falam russo”.
É praticamente certo que existirão repercussões internacionais, é apenas uma questão de tempo. As potências ocidentais condenaram fortemente as acções da Rússia e estão prontas a agir se for necessário, o que é deveras preocupante. O Ocidente pondera aplicar sanções com efeitos no imediato, contudo o presidente Putin pode ser da opinião que será uma guerra curta, como no caso da Geórgia.

Por falar em Geórgia, lembra-se desta guerra ter acontecido, no não muito distante, ano de 2008? Em 2008, a Rússia enviou tropas para a região separatista da Ossétia do Sul tendo como argumento que os cidadãos de língua russa precisavam de protecção. As forças georgianas acabaram por ser derrotadas. A Nato decidiu não intervir.

Mas a Crimeia é um caso diferente desde logo porque é substancialmente maior do que a Ossétia do Sul. Em segundo lugar porque a Ucrânia é bem maior do que a Geórgia. E em terceiro porque a população da Crimeia está muito mais dividida do que a da Ossétia do Sul.

Podemos dizer que esta não é apenas uma batalha geopolítica para a influência no “quintal” da Rússia. O Presidente Putin está a tentar proteger uma terra que ele considera como histórica, e culturalmente, ligada à Rússia. A verdadeira questão é: até onde está Putin disposto a ir para salvaguardar o “seu” povo? Poderá ser este o início de uma III Guerra Mundial ou o bom senso irá imperar?

Para o bem de tudo, e todos, esperemos que exista bom senso em grandes quantidades para aqueles lados, caso contrário entramos numa nova crise ainda antes de sairmos desta. Olhem como diziam os meus avós: “a falar é que a gente se entende!”

Boa semana.
Boas leituras.

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