“Há a surpresa dos 28 por cento”, admite Camilo Azevedo, citado pelo Negócios, ironizando o percurso académico do ministro que tutela a RTP: “a CT não pode dar o parecer num dia. Eu sei que o ministro Miguel Relvas tem a capacidade para fazer uma licenciatura num dia, mas nós não temos a capacidade de dar o parecer num dia”.
O grupo estatal de comunicação social tem 2027 funcionários, mas os mesmos não foram tratados com “lisura” por quem delineou o plano de reestruturação, acusa o líder da CT: “não é leal darem um dia útil para nos pronunciarmos sobre um plano que terá bastantes implicações na vida dos trabalhadores, na empresa e na sua atividade”.
“Falta lisura em relação aos trabalhadores. O ambiente que se vive entre os trabalhadores é de grande temor. As pessoas estão assustadas com o seu futuro. Sentem que este não é um plano de futuro, mas de fim do serviço público”, reforça Camilo Azevedo.
Embora não tenha tido tempo para emitir o parecer, a CT já traçou as orientações que defender para a RTP. Uma delas passa por manter o financiamento estatal, sobretudo para o serviço internacional, o arquivo, os compromissos de cooperação e o serviço museológico, e não pela Contribuição Audiovisual (CAV) e por receitas comerciais: “o CAV é uma taxa que é uma contrapartida direta. O internacional é um serviço do Estado, logo deve ser pago pelo Estado”.
Segundo o presidente da CT, as propostas foram já apresentadas ao Conselho de Administração. “Foram bem acolhidas pelo presidente”, Alberto da Ponte, conta Camilo Azevedo: “num jantar que ocorreu na quinta-feira passada com vários diretores da empresa, o presidente disse que ia apresentar as propostas à tutela e que, caso estas não fossem aceites, iria retirar as devidas consequências”.
Quais são essas consequências? A CT aguarda para saber, responde o dirigente: “estamos com expectativas para saber o que o presidente dirá sobre o serviço internacional”.
