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Colômbia diz que aumentou para 23 número de militares e polícias que desertaram

Pelo menos 23 membros das forças de segurança venezuelanas, entre eles 20 militares, decidiram hoje desertar, deixando de apoiar o regime de Nicolas Maduro, segundo dados do departamento de Migração da Colômbia, citados pela agência France Prece.

Num anterior balanço, o serviço de migrações colombiano tinha registado 13 agentes, entre eles 11 militares e dois polícias que romperam com o Presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, que ordenou o bloqueio da entrada de ajuda humanitária na zona de fronteira com aquele país vizinho.

Um jornalista da France Presse viu quatro dos agentes de segurança venezuelanos a passarem a fronteira sobre a ponte Simon Bolivar e a serem acolhidos pela polícia colombiana.

O serviço de migrações precisou que neste momento recolheram 20 militares e três polícias, sendo que um dos militares se identificou como sendo o major Hugo Parra Martinez.

“Reconheço o presidente Juan Guaidó e lutarei com o povo venezuelano em cada etapa”, declarou o major aos jornalistas.

Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por meia centena de países, prometeu uma amnistia aos militares que rompam com o regime de Nicolas Maduro, acusado de ter sido reeleito de forma fraudulenta.

O número de deserções de militares venezuelanos foi aumentando ao longo do dia, tendo sido esta a opção do major-general Hugo Parra Martinez, cuja fuga foi acompanhada em direto pelas televisões.

O gesto de Hugo Parra Martinez foi ao encontro do apelo do autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, que pediu aos militares do seu país que se coloquem “do lado certo da história”.

Entre os elementos da Guarda Nacional da Venezuela que optaram por virar as costas a Maduro estão ainda o tenente Richard Sanchez Zambrano e os sargentos Edgar Valera e Oscar Torres Suarez Torres.

Mais tarde, um tenente da Marinha Bolivariana e um major das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB) juntaram-se ao grupo de desertores. O tenente atravessou o rio Arauca e pediu proteção, afirmando que não estava a desertar mas a unir-se à causa humanitária.

Hoje camiões com ajuda humanitária tentaram entrar na Venezuela, e o autoproclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, anunciou, através da rede social Twitter, que anulava a classificação de traidores aos militares que cruzassem a fronteira e que os funcionários que impedissem a entrada de ajuda humanitária no país seriam considerados como desertores.

“Na minha condição de comandante chefe das Forças Armadas Nacionais (da Venezuela), dadas as circunstâncias excecionais que vive a República, deixo sem efeito a classificação de traidores da pátria, para os efetivos militares que cruzem a fronteira”, escreveu na sua conta do Twitter.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando Juan Guaidó se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos do Presidente Nicolás Maduro.

Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.

Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.

A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.

A repressão dos protestos antigovernamentais desde 23 de janeiro provocou já dezenas de mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.

Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou cerca de 3,4 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.

Em 2016, a população da Venezuela era de aproximadamente 31,7 milhões de habitantes e no país residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.

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