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Cândida Almeida, “perseguida” no DCIAP, diz haver muita “minhoca” por escavar no caso BPN

cândida almeidaA procuradora Cândida Almeida, “pressionada pelos grandes interesses” nos 12 anos em que esteve no “filho” DCIAP, não acredita numa resolução do caso BPN sem que haja um reforço de meios, como afirma ao Diário Económico: “aquilo mexe-se na terra e sai minhoca por todo o sítio”.

“Afastada” do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) ao fim de 12 anos, a procuradora Cândida Almeida concedeu uma entrevista ao Diário Económico para analisar os principais casos que lhe passaram pelas mãos: desde o Freeport, cuja “perícia estava numa carrinha com 500 volumes”, ao BPN, onde “sai minhoca por todo o sítio”.

Assumindo ter sido “perseguida, entre aspas”, e “pressionada pelos grandes interesses opacos e sem rosto”, que não quis nomear, Cândida Almeida confessa ter ficado surpreendida, “mas não mais do que isso”, por ter sido “afastada” do DCIAP, que era “como um filho” para a procuradora.

“Não mais do que isso” porque Cândida Almeida garante não ter sido apoiada pelo anterior procurador geral da República, Pinto Monteiro, nos dossiês mais polémicos, como o caso Freeport. “Nem ele queria saber conteúdos de processos”, complementou, sustentando que nessa investigação traçou uma linha de “absoluta autonomia e independência de investigar tudo e daí tirar as consequências, sejam elas quais forem”.

“Não ouvir as pessoas porque os outros querem, nem fazer acusações porque os outros querem”, complementou a magistrada, garantindo que “aquilo que lá estava, por mais que se fizesse, não permitia outra solução que não o arquivamento. Uma coisa era o que se dizia, outra era o que lá estava”.

Entre o que “lá estava” constava a perícia, “numa carrinha com 500 volumes”, mas não as perguntas feitas ao primeiro-ministro da época, José Sócrates. O governante nunca chegou a ser questionado porque, segundo Cândida Almeida, seria o que ele mais queria “para ele se justificar”, argumentou: “nós não estamos para isso, não somos colaboradores”.

“Colaboradores” faltam à investigação do caso BPN, no qual “só com o reforço de meios e apoio institucional é que se pode fazer alguma coisa”. “Aquilo mexe-se na terra e sai minhoca por todo o sítio”, insistiu a procuradora, lembrando que ambos os processos referidos na entrevista continuam “em investigação, claro”.

“Realmente, um mundo daqueles que foi construído também com todo o à vontade, mas o à vontade científico e cirúrgico. Para desfazer isto tudo, demora”, concluiu Cândida Almeida.

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