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Campanhas dos dois maiores partidos em São Tomé cruzam-se em clima de festa

As caravanas do partido no poder e do líder da oposição em São Tomé e Príncipe cruzaram-se hoje nos arredores da capital, no penúltimo dia de campanha para as legislativas de domingo, quase sempre em ambiente de festa.

Dezenas de motos e carros compunham a longa caravana do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe – Partido Social Democrata (MLSTP-PSD), encabeçada pelo líder, Jorge Bom Jesus, seguida por dezenas de populares, entre Pantufo (a cerca de sete quilómetros de São Tomé) e o mercado Côco-Côco, no centro da cidade.

Sempre em passo acelerado, quase sem paragens, Bom Jesus ia acenando aos muitos apoiantes que o seguiam e à população que assomava à beira da estrada entre as duas localidades, onde o trânsito ficou praticamente interrompido.

À frente, um camião de caixa aberta carregado de colunas debitava músicas da campanha do MLSTP, em crioulo forro. Uma dizia que o partido no poder (Ação Democrática Independente, ADI) prometeu arroz a 13 dobras (cerca de 50 cêntimos), mas o quilo está a ser vendido a 40 dobras (1,60 euros), enquanto outra repetia “um, dois, três, risca”, numa alusão ao terceiro lugar do boletim de voto.

Os apoiantes seguiam a caravana, com apitos e a dançar, descalços, de chinelos ou – os mais previdentes – de galochas, indiferentes às poças de água e às motos que passavam e salpicavam todos com lama, enquanto moradores e comerciantes vinham à beira da estrada, uns juntando-se à festa e outros ficavam só a observar.

Com três dedos da mão no ar, diziam “trexi” (três, em crioulo forro) e iam-se cruzando com apoiantes da ADI, que exibiam o número dois, gritando “doçu” – a posição do partido de Patrice Trovoada no boletim.

Em São Marçal, uma caravana de apoiantes da ADI seguia no sentido contrário, altura em que os simpatizantes do MLSTP gritaram “rua rua” e fizeram soar os apitos com mais intensidade. Uma mulher arrancou um chapéu da ADI da cabeça de um jovem, que um homem atirou logo para o chão e pisou.

Um boneco de madeira com as cores da ADI foi a única “vítima”, com os apoiantes de Bom Jesus a bater-lhe e a gritar “mata mata”.

Numa breve paragem, o presidente do MLSTP gritou “o povo põe”, com o público a responder “o povo tira”.

“Quando o Governo promete água e energia, não é favor, é obrigação”, afirmou Jorge Bom Jesus, enquanto os apoiantes repetiam “o povo unido jamais será vencido”.

Bom Jesus terminou a ‘passeata’ junto ao mercado Côco-Côco, onde foi recebido com aplausos, naquela que foi a sua última iniciativa de campanha na capital são-tomense, antes das legislativas de domingo. Esta sexta-feira, o maior partido da oposição encerra a campanha na Trindade, a segunda maior cidade do país, a cerca de 10 quilómetros da capital.

O primeiro-ministro cessante, Patrice Trovoada, não divulgou agenda pública para hoje e está previsto que realize o último comício da campanha esta sexta-feira à tarde, na capital.

O secretário-geral da ADI, Levy Nazaré, também esteve, hoje à tarde, nas mesmas localidades por onde passou o MLSTP, para inaugurar uma lavandaria em Água Bobo e um espaço para motos em São Marçal.

A coligação composta pelo Partido da Convergência Democrática (PCD), a União para a Democracia e Desenvolvimento (UDD), e o Movimento Democrático Força da Mudança (MDFM), encabeçada por Arlindo Carvalho, também não marcou ações públicas para hoje. Esta manhã decorreu o funeral do pai de Carlos Neves, líder da UDD.

Mais de 97 mil são-tomenses são chamados às urnas no próximo domingo, para as eleições legislativas e autárquicas e regional do Príncipe.

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