Economia

Bruxelas volta a rever em baixa ritmo de crescimento da zona euro

A Comissão Europeia voltou a rever hoje em baixa as previsões de crescimento da economia da zona euro para 2019, que estima agora que fique pelos 1,2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), mas acredita numa aceleração em 2020.

Nas previsões económicas da primavera, hoje divulgadas, Bruxelas “confirma” em definitivo o abrandamento da economia europeia, estimando que o PIB da zona euro cresça 1,2 por cento em 2019 e 1,5 por cento no próximo ano, quando há três meses, nas previsões de inverno, estimava valores de 1,3 por cento e 1,6 por cento, respetivamente, que já constituíam revisões em baixa face às projeções do outono, de novembro do ano passado (de 1,9 por cento e 1,7 por cento).

No espaço de seis meses, Bruxelas retirou assim sete décimas às suas previsões de crescimento do PIB da zona euro em 2019, recuando dos 1,9 por cento para 1,2 por cento, confirmando assim os riscos de um abrandamento mais vincado para os quais já alertara, e que atribui sobretudo a fatores externos.

Já para o conjunto da União Europeia a 27, o executivo comunitário espera que a economia cresça este ano 1,4 por cento – o que também constitui uma revisão em baixa face às previsões de inverno (1,5 por cento) e, sobretudo, às de outono (2,0 por cento) -, esperando que atinja os 1,7 por cento em 2020, ainda assim também abaixo da sua projeção de fevereiro (1,8 por cento).

Segundo Bruxelas, este abrandamento mais vincado do crescimento da economia europeia deve-se ao “recente desaceleramento da economia mundial e das trocas comerciais internacionais, conjugado com as fortes incertezas em torno das políticas comerciais”, a que se junta ainda “uma fraqueza persistente do setor da produção”, em particular “nos países confrontados com problemas específicos na indústria automóvel”.

O executivo comunitário confia, no entanto, que o ritmo de crescimento da economia europeia volte a acelerar em 2020, mas inteiramente à base da atividade interna.

A Comissão observa que, uma vez que as trocas comerciais internacionais e o crescimento mundial devem permanecer fracos este ano e no próximo face ao ritmo observado em 2017, “o crescimento económico da Europa assentará inteiramente na atividade interna”.

Para Bruxelas, estão à partida reunidas as condições para um aumento da procura interna no próximo ano, pois a taxa de emprego continua a subir de forma constante na Europa, há um aumento de salários, uma inflação moderada, condições de financiamento favoráveis e medidas orçamentais de relançamento em diversos Estados-membros.

A análise da primavera à economia europeia aponta que, apesar do desaceleramento do crescimento do PIB em finais de 2018, a situação no mercado de trabalho continua a melhorar, tendo a taxa de desemprego recuado em março passado na UE para os 6,4 por cento, o nível mais baixo desde que começaram a ser publicados dados mensais (em 2000).

Bruxelas espera também que a inflação permaneça moderada ao nível da UE, caindo para os 1,6 por cento este ano antes de progredir para os 1,7 por cento em 2020, enquanto para a zona euro estima que permaneça nos 1,4 por cento este ano e no próximo.

A Comissão Europeia adverte todavia que, uma vez mais, as suas previsões económicas estão sujeitas a riscos de nova revisão em baixa, sobretudo se forem adotadas “medidas protecionistas à escala mundial” e o abrandamento atual do crescimento do PIB e das trocas comerciais se mantiver mais tempo que o previsto, “muito particularmente se o crescimento da China ficar abaixo das expectativas”.

“Para a Europa, os riscos estão sobretudo relacionados com um Brexit sem acordo e a possibilidade de as perturbações temporárias que atualmente se verificam no setor da produção persistirem”, alerta Bruxelas.

Apesar destas novas revisões em baixa, o comissário europeu dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, numa primeira análise às previsões da primavera do executivo comunitário, preferiu sublinhar que, “numa conjuntura mundial menos favorável e incertezas persistentes”, a Europa consegue ainda assim resistir e continuar a crescer, com “boas notícias na frente do emprego, nomeadamente um aumento dos salários”, admitindo todavia que tenham de vir a ser adotadas medidas de apoio à economia, se tal se revelar necessário.

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