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Audiências: RTP não pode ficar refém, defende Miguel Relvas

rtpAs audiências da RTP têm sido continuamente revistas em baixa, afetando a imagem da estação pública numa altura em que o Governo a quer privatizar. O ministro Miguel Relvas, porém, desvaloriza a queda nas audiências e diz acreditar que a RTP “tem credibilidade no mercado”.

A empresa que desde o início do mês passou a medir as audiências da televisão tem vindo a rever, sempre em baixa, os números relativos à RTP. Os dados da Gfk apresentam uma imagem da estação pública que a pode prejudicar na batalha pelo mercado publicitário: uma estimativa do Público adianta que as quebras na publicidade podem chegar aos 12,9 milhões de euros por ano, o que torna a RTP em risco de ser “destruída”.

O ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares discorda desta visão, afirmando que a RTP “tem credibilidade no mercado”, independentemente da audiência que efetivamente tenha. Miguel Relvas, que detém a tutela dos canais públicos, alega que a RTP não pode “ser refém das audiências”, mesmo quando confrontado com a hipótese desta contínua revisão em baixa prejudicar a privatização da empresa: “uma coisa não tem nada a ver a outra, aí não bate a bota com a perdigota”.

“As audiências não têm a ver com a alienação”, insistiu o ministro, pois o Governo pretende privatizar “uma licença e não o serviço”, o que permitirá a “quem adquirir essa licença seguir outro caminho, ter mais ou menos audiência”. À conversa com os jornalistas, na sequência duma visita oficial à Escola Superior de Comunicação Social (Lisboa), Miguel Relvas alegou que o serviço público é “condicionado pela qualidade” por ser “pago pelo dinheiro dos portugueses”, ficando assim alheio à influência do mercado publicitário.

Elogiando a mudança no sistema de medição das audiências de televisão, o ministro Adjunto descartou comentar a credibilidade da Gfk por ser “uma questão que tem que ser tratada tecnicamente pela Entidade Reguladora da Comunicação, que é a quem cabe esse trabalho”.

A empresa alemã ganhou o concurso para o sistema de audiometria, mas desde o início da concessão, a 1 de março, que os resultados têm sido díspares em relação à empresa anterior. A RTP apontou irregularidades aos métodos de análise, citando como exemplo os primeiros quatro dias de março, em que a média de 13,9 registada pela Gfk ficou distante dos 195, avaliados pela Marktest.

A Comissão de Trabalhadores da RTP reagiu, em comunicado, contra esta diferença nos valores: “estamos perante o risco de ver a RTP destruída com a ajuda decisiva de um passe de prestidigitação audimétrica”. Eduardo Cintra Torres, conhecido crítico de televisão e professor universitário, pediu à Assembleia da República para verificar a situação.

António Salvador, diretor geral da Gfk em Portugal, explicou as diferenças defendendo a metodologia da empresa: “nunca tivemos um painel tão fidedigno como este. O que acontece é que a população mais idosa tem maior dificuldade em colaborar de forma correta”.

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