Cultura

As ‘trigédias’ gregas de Tiago Rodrigues chegam ao palco do TNSJ

Foto: Filipe Ferreira

Foto: Filipe Ferreira

Ifigénia, Agamémnon, Electra são os mais recentes trabalhos do diretor artístico do TNDM II e acompanham os Atridas, a família real ateniense.

De 22 de outubro a 1 de novembro, no Porto.

Reescrever e encenar, com um elenco de 15 atores, três tragédias gregas em seis semanas. Foi com este desafio, uma “megalomania low cost”, que Tiago Rodrigues assinalou a sua chegada à direção artística do Teatro Nacional D. Maria II. Ifigénia, Agamémnon, Electra são as peças que sobem agora ao palco do Teatro Nacional São João (TNSJ), a partir do dia 22 de outubro, sobre os Atridas, a família real ateniense que se debate com o poder, a inevitabilidade do destino, o sacrifício e a vingança.

A partir dos textos de Eurípides, Sófocles e Ésquilo, as três peças contam-nos a história de Agamémnon que decide matar a filha Ifigénia – irmã de Electra e Orestes – num sacrifício para os gregos terem vento para navegar até Tróia e, assim, salvarem Helena. Depois disso, Clitemnestra, mãe de Ifigénia, mata o marido, vingando a filha, e Electra e Orestes matam Clitemnestra para vingarem o pai.

O enredo é sangrento, cumprindo o desígnio de uma tragédia, mas permite confrontar os valores de uma sociedade e como os ideais – sacrifício, família, país, justiça, amor – se vão alterando ao longo do tempo para o que “cada um quiser que seja conforme as suas convicções e também as suas conveniências”.

Para Tiago Rodrigues, trazer à cena as tragédias gregas tem importância por causa da urgência que todos temos em combater o que é impossível evitar. E aí, confronta-se o livre arbítrio dos heróis – como é o caso de Ifigénia que, no final, “escolhe” morrer pelo povo – com a impotência do coro, os anónimos cujos gestos apenas têm valor quando são coletivos.

Para o autor/encenador, “estamos muito concentrados – não só em Portugal, na Europa – no inevitável, no agora, e perdemos a perspectiva histórica”. No entanto, os clássicos têm elementos essenciais que nos permitem compreender o nosso tempo e ampliar a noção de presente, para o passado e para o futuro.

E, se é verdade, como diz Tiago Rodrigues, que “é proibido esquecer tudo”, Ifigénia (a peça que tem como ponto de partida a forma como nos lembramos dos mitos), Agamémnon (um espetáculo que “vai para um universo mais do thriller”) e Electra (a performance “que exige mais imperfeição, aspereza, mais liberdade e margem de erro”) terminam com uma exortação ao silêncio, mas que nem por isso a expressão de derrota em palco é um apelo à apatia, “pode ser uma provocação”.

Os espetáculos, que se estrearam em setembro deste ano em Lisboa, são uma coprodução entre TNDM II e Teatro Viriato e junta os atores residentes do TNDM II com seis jovens atores da Escola Superior de Teatro e Cinema.

Ifigénia pode ser vista entre os dias 22 e 24 de outubro, às 21h00, Agamémnon sobe ao palco do TNSJ nos dias 25 (16h00), 28 (19h00) e 29 de outubro (21h00) e Electra está em cena entre os dias 30 de outubro e 1 de novembro, sendo que as récitas de sexta e sábado realizam-se às 21h00 e no domingo, às 16h00.

Os bilhetes custam entre 7,50 euros e 16 euros, mas existe um preço especial para quem comprar os bilhetes para as três peças.

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