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Aquecimento global: Painel das Mudanças Climáticas prepara relatório polémico

aquecimento global 210aquecimento globalA atividade humana influencia o aquecimento global, mas falta o consenso sobre o efeito prático. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas vai apresentar, na sexta-feira, um relatório que aponta para uma “pausa” no aumento da temperatura à superfície.

O planeta está a registar um aquecimento global, por responsabilidade da atividade humana, mas os efeitos não estão a ser sentidos à superfície terrestre. Em Estocolmo, na Suécia, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla internacional) chegou ao consenso, com 95 por cento de certeza, de que “a influência humana no clima é responsável por mais da metade dos aumentos médios de temperatura observados entre 1951 e 2010”, mas o relatório final promete ser polémico.

O documento, a ser apresentado sexta-feira, refere uma “pausa” no aquecimento global ao nível da superfície da Terra, alegando que a energia presa pelos gases do efeito de estufa estará a ficar ‘enterrada’ no fundo dos oceanos. De acordo com os dados recolhidos pela BBC, o aumento do consenso sobre a responsabilidade humana é proporcional ao desacordo quanto a esta ‘transferência’ do aquecimento da superfície terrestre para o fundo oceânico, a par de uma desaceleração do ritmo desde 2007.

Ao admitir um “hiato” no aquecimento global, uma vez que desde 2007 que as temperaturas médias globais não batem o recorde históricode 1998, o IPCC reforça o argumento dos “céticos”, o grupo de investigadores que considera exagerado o impacto da emissão de gás carbónica na atmosfera. O relatório vai referir que “a taxa de aquecimento nos últimos 15 anos é mais baixa do que as tendências anteriores”.

O IPCC aponta a ‘transferência’ da subida da temperatura da superfície para os oceanos como causa do abrandamento da taxa, mas o argumento está a causar diferendos dentro do próprio organismo. “Alguns governos estão a pedir explicações mais claras sobre esse fator. Acredito que será uma peça central no relatório”, adiantou o professor que chefia a delegação holandesa, Arthur Peterson, citado pela BBC.

“Eu não diria que há relutância entre os autores para qualificar esse tema como ‘pausa’, mas eles querem fazer isso de uma maneira apropriada. Vão surgir pontos de tensão entre o quanto se pode concluir a partir de publicações científicas e o que os governos gostariam de ter”, reforçou Peterson.

O relatório a apresentar pelo IPCC na sexta-feira será o primeiro volume de um estudo abrangente sobre o aquecimento global, visando as explicações científicas para as mudanças da temperatura na atmosfera, nos oceanos e nos polos. Os especialistas acreditam que será um dossiê mais cauteloso do que o publicado sobre o painel de 2007, mas com uma maior polémica.

“A linguagem é mais complicada de entender, mas também mais precisa. É algo grandioso conseguir produzir um documento desses que compreenda uma avaliação tão adequada da ciência. O problema é que torna-se virtualmente ilegível”, explicou Petersen.

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