António José Seguro, secretário-geral do PS, foi duro nas palavras para com o primeiro-ministro Passos Coelho, no debate quinzenal no Parlamento. “O seu tempo chegou ao fim. Chegou o momento de saírem”. Passos respondeu. Perante estes argumentos, o País “não terá nada a esperar de si”.
“O primeiro-ministro chegou ao fim do seu prazo, chegou ao fim do seu mandato e merece uma censura deste Parlamento”, afirmou António José Seguro, secretário-geral do PS, durante o debate quinzenal que decorre nesta sexta-feira, no Parlamento.
“O senhor e o seu Governo estão esgotados. A sua política falhou estrondosamente. O seu Governo perdeu a credibilidade e autoridade política que deveriam estar na génese de mobilização dos portugueses para enfrentar a crise política que vivemos em Portugal”, acrescentou Seguro, mais incisivo do que nunca.
O secretário-geral do PS acusou ainda Passos Coelho de dividir os portugueses: “Em vez de liderar um Governo que una os portugueses, põe portugueses contra os outros, criando desconfiança e medo. A sua política falhou”.
Seguro apresentou como “factos” as falhas de previsão do défice, que apontavam para 4,5 por cento e chegou aos 6,6 por cento. Também a dívida prevista para o ano passado, de 113 por cento, chegou aos 122,5 pontos percentuais.
“Os portugueses, em particular os 200 mil que em 2012 ficaram sem emprego, perguntam-se: ‘Tanta dor, tanto sofrimento e sacrifício para quê? Quais os resultados que o senhor tem para apresentar. Mas pior do que os resultados são as consequências. Vamos a caminho de um milhão de desempregados, temos uma economia em espiral recessiva. O Governo está num estado de negação, incapaz de olhar para a realidade e reconhecer o falhanço, corrigindo a rota. O senhor não escuta os portugueses, governa contra eles”.
Passos Coelho reagiu com dureza. “Em política, é preciso saber ouvir, mas também é importante pensar pela própria cabeça e saber tomar decisões”, ironizou Passos Coelho, dirigindo-se a Seguro. “Em matéria como a que observou, não tenho receio de dizer o que penso”, acrescentou.
E o primeiro-ministro foi mais além. “Temos de cumprir o programa de assistência e recuperar a nossa autonomia orçamental. Se o senhor deputado não reconhece isto, pode ouvir o País inteiro, mas o País não terá nada a esperar de si”, apontou Passos Coelho.