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“Amigos” Merkel e Sarkozy deixam Grécia “sem escolha”

merkel_sarkozyA chanceler alemã e o presidente francês subiram o tom das ameaças à Grécia, transformando a pressão em chantagem: os helénicos “não têm alternativa” para além do “compromisso” que cumpra as exigências europeias.

Ângela Merkel e Nicolas Sarkozy deixaram hoje fortes avisos ao governo de Atenas: ou a Grécia assume a “responsabilidade” e a urgência que lhe são exigidas pela Europa ou não haverá um segundo apoio externo que evite a falência do país.

“A situação da Grécia tem de solucionar-se de uma vez por todas”, considerou o Presidente francês, à saída conselho de ministros franco-alemão realizado em Paris. “O tempo está a esgotar-se”, acrescentou a chanceler alemã, exigindo que “se atue rapidamente” a tempo de vencer este “desafio considerável”.

A demora em chegar a um acordo para um segundo empréstimo por parte da ‘troika’ levaram os governantes do diretório franco-alemão a reivindicar “responsabilidade” ao governo helénico, tanto mais que os responsáveis gregos “não têm alternativa”. 

“Nunca um acordo esteve tão próximo, quer com os credores privados, quer com os públicos. Temos de o concluir. Não posso sequer imaginar que não tenhamos um acordo”, fundamentou Sarkozy.

Merkel explicou ainda que Alemanha e França exigem também “uma conta separada” à Grécia, a qual deve funcionar como uma garantia de que o país vai pagar as dívidas. “Os juros devidos devem ser pagos de uma conta separada para que haja garantia de que a Grécia terá acesso a fundos”, reforçaram os líderes francês e alemã.

A cimeira de ministros entre os dois países serviu ainda para Merkel anunciar o apoio a Sarkozy nas próximas eleições para a Presidência da França. “Apoio Nicolas Sarkozy a todos os níveis porque nós pertencemos a partidos amigos. É normal apoiar os partidos amigos”, justificou a chanceler alemã, recordando em que 2009 sucedeu o inverso, com o francês a apoiá-la na candidatura ao segundo mandato. “Eu reivindico esta amizade e esta confiança”, respondeu Sarkozy na mesma conferência de imprensa no Eliseu.

 

Comissão Europeia também insiste

A pressão sobre a Grécia foi também reforçada pela Comissão Europeia, com o porta-voz do comissário do euro a salientar que “já estamos para lá da data limite”. As declarações foram proferidas após a reunião entre os líderes dos três partidos que integram o governo de transição na Grécia, na sequência das negociações (insuficientes) para selar o acordo com a ‘troika’.

O empréstimo de 130 mil milhões de euros tem de chegar à Grécia antes de março, caso contrário o país assumirá a falência. Só que a ‘troika’ tem exigido mais medidas de austeridade que o governo de Lucas Papademos não consegue implementar. O principal obstáculo tem sido a descida do salário mínimo, que a ‘troika’ quer baixar em 20 por cento, para além de outros detalhes na legislação laboral.

A Comissão Europeia sublinhou que o salário mínimo na Grécia é superior ao praticado em Portugal e Espanha e que os gregos precisam de “pôr as coisas em perspetiva”. Em resposta, as duas maiores centrais sindicais gregas apelaram a uma greve geral de 24 hora contra as exigências de “rigor financeiro” impostas pela Europa.

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