Se a reversão da privatização da TAP avançar, como pretende o Governo, a companhia tem de assegurar o serviço público no Porto. Rui Moreira recusa uma “Air Alfacinha” e afirmou que, “se o operador permanecer público”, não pode ter só um ‘hub’ em Lisboa.
Entre a antiga TAP, que Rui Moreira acusou de concentrar tudo em Lisboa, e a ‘nova’, após a privatização, o presidente da Câmara do Porto não tem preferência.
O caso muda de figura caso a empresa, como pretende o Governo, volte para a esfera pública.
Nesse caso, frisou Rui Moreira, a TAP não poderá continuar a suspender operações a partir do aeroporto do Porto, como ainda agora aconteceu com quatro ligações de médio curso.
“O que me parece é que devemos centrar a discussão política sobre o que vai acontecer à TAP. Se for pública, não nos interessa que faça o que tem feito. Muito obrigado, para nós não nos serve”, afirmou o autarca portuense.
Em defesa da cidade e da coesão territorial do país, Rui Moreira sublinhou que, se a reversão da privatização for avante, a TAP terá de assegurar o serviço público no Porto e não apenas em Lisboa.
Como o Governo tem admitido que “não quer privatizar a TAP”, a pergunta fundamental, segundo o edil do Porto, é “se o interesse público é apenas Lisboa ou se todo o país deve ser contemplado”.
“Se o operador permanecer público tem de prestar serviço público e, nesse caso, aí sim, exigiremos (…), por uma vez, que a TAP não seja a Air Alfacinha e seja a Air Portugal”, reforçou.
Se a empresa continuar nas mãos do consórcio Gateway (de Humberto Pedrosa e David Neeleman), só será possível colmatar a supressão dos voos diretos a partir do Porto “através do mercado”, acrescentou o autarca
“Precisamos de continuar a ter companhias que atuam nos principais aeroportos europeus e que garantam a frequência desses mesmos voos”, comentou Rui Moreira: “Desaparecendo [a TAP] do médio curso, o mercado com certeza tratará do assunto”.
Os comentários do presidente da Câmara do Porto surge depois da companhia aérea ter suspenso as ligações diretas do Aeroporto Francisco Sá Carneiro a Barcelona, Milão, Bruxelas e Roma.
Uma decisão que “não preocupa” os decisores políticos da região, pois as cidades continuam ligadas através de outros operadores.
O que causa “alguma preocupação” a Rui Moreira é tentar perceber porque “a TAP abandona o médio curso e começa a operar uma linha Vigo-Lisboa”.
“O que isto quer dizer é que se confirma que a TAP só vai ter um ‘hub’, que é Lisboa”, antecipou o edil portuense: “Aliás, nos últimos anos é o que a TAP tem feito. A TAP, ao montar uma ligação de Vigo para Lisboa, o que está a dizer é que quer que os passageiros da Galiza viagem para África ou América Latina e Brasil através de Lisboa, evitando o aeroporto Francisco Sá Carneiro”
Trata-se de “uma decisão estratégica de um operador privado”, pelo que só deve interessar a região e o país caso o Governo avance com a reversão do processo de privatização.
“Há muitos anos, durante muitos anos, tivemos uma TAP publica que prestou serviço apenas a Lisboa. Espero que, se agora houver uma reversão da privatização, se tivermos que ficar com a TAP, com todo o ónus que é para nós ficar com a TAP, ao menos que sirva o país todo, ou então não vale a pena, mais vale dizer que é privada e opera onde quiser”, argumentou Rui Moreira.