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A aposta no ensino superior pode salvar Portugal

Décadas de más decisões, maus investimentos, intrigas políticas e ataques pessoais, enriquecimento ilícito e corrupção mas acima de tudo décadas de maus políticos e maus líderes trouxeram Portugal até aqui. Em última instância a culpa é nossa, dado que sem o nosso voto eles não teriam chegado á cadeira do poder mas eles não podem ficar isentos de responsabilidades.

Actualmente parece que não existem quaisquer soluções e se vemos uma luz ao fundo do túnel mais rapidamente a mesma significa um comboio a alta velocidade na nossa direcção do que uma saída. Pois eu trago-vos aquilo que considero ser uma solução que pode atenuar a crise e colocar-nos no caminho certo, rumo à recuperação económica.

A solução que eu proponho é apostarmos na educação, mas de uma forma diferente da que estão a pensar. Existem casos documentados de países que fizeram esta mesma aposta e com muito sucesso. Apresento-vos o exemplo da Austrália.

Têm 302 mil alunos estrangeiros a estudar nas suas instituições de ensino superior e o objectivo é chegar ao milhão. Digamos que a Austrália decidiu fazer da educação uma das principais apostas da sua economia definindo uma estratégia, criando campanhas publicitárias e os resultados já estão à vista. O conceito pode parecer estranho mas é bastante simples: funciona de forma muito semelhante ao turismo dado que não existem bens a sair do país, mas sim alunos a entrar e a gastar o seu dinheiro em propinas, alojamento, transportes ou refeições gerando assim receitas de milhões de euros.

Um inquérito feito numa universidade sul-africana a estudantes estrangeiros revelou que os aspectos mais importantes na escolha do país e da universidade são as actividades extra-académicas, a localização e a qualidade dos serviços de educação. Ou seja, são boas notícias para Portugal! A Austrália e a Califórnia promovem descaradamente o seu bom tempo, as fantásticas praias e o surf e têm obtido resultados fantásticos, por que não pode Portugal fazer o mesmo?

Uma análise da consultora McKinsey deu conta de um aumento significativo de estudantes a estudarem fora de casa. Senão vejamos: eram pouco mais de um milhão em 1980 e actualmente aproximam-se dos três milhões, existindo uma forte tendência para que este número continue a aumentar. Já o valor das receitas trazidas por estes mesmos alunos disparou de 5 mil milhões de euros para 100 mil milhões de euros em todo o mundo.

Obviamente que existe uma forte concentração, podemos inclusivamente dizer que um terço dos alunos internacionais está nos Estados Unidos e no Reino Unido. Já do lado da procura os campeões são a Índia, a Coreia do Sul e China.

Vamos agora a dados concretos sobre Portugal. Os alunos internacionais em 2011 representaram 7% do total de inscritos (algo que nos coloca acima dos resultados da nossa vizinha Espanha e também de Itália). Traduzindo estes números para receitas (ou seja, gastos com as propinas, rendas, transportes, alimentação, entre outras) a exportação do ensino superior rende ao país cerca de 350 milhões de euros.

Segundo a consultora McKinsey se a tendência de crescimento se mantiver, em 2020 o número de alunos pode chegar aos 56 mil e as receitas aos 789 milhões. Contudo, se houver uma estratégia agressiva o mercado pode subir até aos 100 mil alunos e as receitas até 1,4 milhões de euros. Ou seja, mais do que actual valor das exportações do vinho (707 milhões de euros), ou da cortiça (845 milhões de euros).

Portugal tem três universidades nos afamados rankings do Financial Times (Católica, Nova e Porto), algo que por exemplo Alemanha e Itália não têm. A facilidade com que os nossos professores ensinam em inglês (eliminando assim uma potencial barreira) é outra das nossas grandes vantagens em comparação com os países acima mencionados e também com os nossos vizinhos espanhóis.

Certamente que não é apenas com esta aposta na educação que vamos sair da crise e voltar ao nível de vida que todos nós merecemos. Mas pode ser uma ajuda importante. Várias áreas podem sair beneficiadas, é um plano quase perfeito. Mas é preciso passar da teoria à prática sob pena de deixar escapar a oportunidade. É fulcral agir bem e depressa, algo que temo que não aconteça.

Existem alternativas e saídas da crise, é preciso é procurar e pensar um pouco.

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